terça-feira, 29 de outubro de 2013

Resenha de shows: Andre Matos (Mossoró/RN - 27/10/13)


De todas as resenhas que tive o prazer de escrever, essa aqui é com certeza uma das mais especiais. Para começar, se alguém me perguntasse há alguns anos atrás, principalmente em 2004, se algum dia imaginaria ver um dos meus ídolos em minha cidade natal, certamente diria que não, e NÃO maiúsculo mesmo, porque era praticamente impossível disso acontecer. Mas, como diz o velho ditado: "Hoje, os tempos são outros, meu capitão".

O filme já estava passando na cabeça ao longo das semanas que antecediam o show, desde o brinde com Heineken no Valhalla Rock Bar, quando o grande Lázaro Fabrício anunciou em primeira mão o sonho de trazer um dos nossos maiores ídolos para a nossa cidade. O sonho era difícil de ser realizado, mas a cena mossoroense abraçou a causa e se mobilizou para fazer acontecer esse show. Tudo foi ocorrendo a cada passo. Após o sonho, veio o anúncio oficial, Andre Matos estava vindo para fazer um show em Mossoró/RN no dia 27 de outubro, de longe, o maior show da história do rock em Mossoró/RN.
cartaz do show do Andre Matos, em Mossoró/RN.
Não dormi direito do sábado para o domingo, a ansiedade era grande pelo show. Mais acompanhando do que trabalhando - na produção - fiquei indo e vindo do local do show, esperando a banda chegar, até que de 15:00, sem aguentar mais, coloquei os equipamentos no veículo e rumei para o show.

Esforço e força de vontade traduzem todos os momentos. Palco montado, equipamentos de som providenciados, tudo estava pronto para receber com qualidade o show. A abertura ficou por conta das bandas mossoroenses Bones in Traction e Godhound.

O show "debut" do Bones in Traction foi sensacional, thrash metal de qualidade e peso. Guardem esse nome. Particularmente, estou ansioso para escutar o EP deles, a ser lançado no final do ano. Sou suspeito em falar do Godhound, mas queria deixar registrada a honra que foi fazer parte daquela noite. 30 minutos de show entre músicas do Godhound (2012) e do God above...Hound on the road (2013), contando com a ilustre presença do nosso amigo Lázaro Fabrício, na bateria. Show explosivo e de aquecimento para o que estava por vir. 

Acabados os shows de abertura, muito bem recebidos pelo público de 700 pessoas que lotaram o Carcará, estava chegada a grande hora. Após No More Tears, do Ozzy, começa a soar a introdução do show, era o sinal. Hugo Mariutti, André Hernandez, Rodrigo Silveira e Bruno Ladislau posicionados no palco dão início a Liberty, faixa de abertura do The Turn of the Lights (2013), seguida de I Will Return, do Mentalize (2009). Após saudar o público, e elogiar - o que achei um dos melhores momentos do show - a estrutura e garra que moveu as pessoas para trazerem shows para o interior do Brasil, a banda continuou com Course of Life e a clássica da sua carreira-solo, Rio. Voltando um pouco nos comentários, estamos acostumados a ter shows de Forró e Axé, mas um show desse "porte", nunca antes. Quem ganha com isso é a diversidade cultural da cidade, temos espaço para todo mundo, e se a cena alternativa não se mantiver unida, não teremos mais noites como essa. Fica aqui o recado para todos que fazem a cena acontecer, não só em Mossoró/RN, mas nos interiores de todo o Nordeste, mais união e menos competição, estamos todos juntos no mesmo barco.
Andre Matos e André Hernandez em Mossoró/RN (foto: Camila Soares)
Voltando ao show, após a faixa-título do seu mais novo trabalho, The Turn of the Lights, a clássica do Shaman (melhor dizendo, da sua carreira-solo também, porque o Shaman acabou) Fairy Tale contagiou a todos os presentes, que cantaram até acabar a voz. Depois de Stop!, outra pedreira, Lisbon, grande clássico do Angra. O que gostei do repertório foi que Andre Matos soube mesclar clássicos com suas músicas novas, fazendo com que o show não perdesse hora nenhuma o seu ritmo, até quando as músicas eram "desconhecidas". Após um solo magnífico na bateria, por Rodrigo Silveira, o show continua com On Your Own e a primeira parte é encerrada com Living for the Night, do Viper, com direito até a uma jam - quem estava lá ainda lembra do riff, com certeza.

Acabada a primeira parte do show, era hora da banda recarregar as baterias e voltar para o tributo ao Angels Cry (1993), que está completando 20 anos agora em 2013. Antes de sair, Andre Matos ainda soltou um "veneno" para seus ex-colegas de Angra, dizendo que o álbum seria executado "na íntegra", nem mais nem menos. Para quem não entendeu, o Angra gravou um DVD de comemoração aos 20 anos do Angels Cry (1993), mas não executou o álbum inteiramente, o que achei ruim, dado o título proposto para o produto - provavelmente Angels Cry 20th Aniversary.
Andre Matos e Hugo Mariutti em Mossoró/RN (foto: Camila Soares)
Enfim, após um intervalo de 15 minutos, começa a soar Unfinished Allegro, seguida de Carry On. A partir daí, meu amigo, foi pura destruição, todo mundo já sabia o que vinha, e não decepcionou. Time e Angels Cry foram perfeitas, sem contar em Stand Away, executada brilhantemente mesmo 20 anos depois do seu lançamento (digo 20 anos porque os vocais já eram difíceis naquele tempo, quanto mais hoje depois de toda a estrada). Never Understand, com direito a solo de Hugo e André Hernandez, seguida da espetacular Wuthering Heights continuaram o tributo. E o fim estava próximo, depois de Streets of Tomorrow e Evil Warning, o show foi encerrado com Lasting Child, última música do álbum.

As palavras ainda não parecem o bastante para descrever o que foi esse domingo, um domingo que será lembrado, não só por mim, mas por todos os presentes, como um dos domingos mais históricos da cidade de Mossoró/RN. Muita energia estava presente ali, e poder compartilhar isso com seus amigos, com quem lutou para ver aquilo ali se tornar realidade, não tem preço. A maioria da população de Mossoró/RN não entenderá o que foi aquilo, espero que alguém que não tenha ido no show tenha a oportunidade de ler ao menos isso, e sentir um pouco do que se passou ali.

Queria acabar com as palavras do próprio Andre Matos. "Esse foi o primeiro show de uma série que está por vir. Não só Mossoró, mas o Nordeste, está definitivamente incluído na rota nacional dos shows. Não só nós queremos voltar, como muitas bandas que não vieram passarão a vir. Vocês merecem tudo isso!!".

Bones in Traction (foto: Neta)
BONES IN TRACTION
1.INTRO
2.GRAIN BY GRAIN
3.HELL TO THE KING
4.DEPRESSED
5.RUBBER BULLET
6.REFUSE/RESIST (Sepultura cover)
7.MODERN MAN

Godhound (foto: Camila Soares)

GODHOUND
1.ON THE ROAD
2.MOTORCYCLE'S HYMN
3.SIRENS
4.DUST N'BEER
5.ACE OF SPADES (Motorhead cover)
6.GODHOUND

Andre Matos (foto: Camila Soares)
ANDRE MATOS
1.INTRO
2.LIBERTY
3.I WILL RETURN
4.COURSE OF LIFE
5.RIO
6.THE TURN OF THE LIGHTS
7.FAIRY TALE (Shaman cover)
8.STOP!
9.LISBON (Angra cover)
10.ON YOUR OWN
11.LIVING FOR THE NIGHT (Viper cover)
---------Angels Cry tribute-----------
12.UNFINISHED ALLEGRO
13.CARRY ON
14.TIME
15.ANGELS CRY
16.STAND AWAY
17.NEVER UNDERSTAND
18.WUTHERING HEIGHTS
19.STREETS OF TOMORROW
20.EVIL WARNING
21.LASTING CHILD

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Aqui e lá outra vez


O blog está mais para uma balada do que para um thrash metal ultimamente (estamos há quase 1 mês sem atualização), a correria está muito grande e não estou encontrando tempo - nem criatividade - para atualizá-lo. Mas, não podia deixar passar essa semana. Estamos prestes a presenciar um acontecimento histórico para Mossoró/RN e proximidades. 

Tem gente que ainda acredita que a vida não é um ciclo, que tudo não está conectado. Eu sempre acreditei que sim, nada acontece por acaso, e eis que essa semana, sou surpreendido com mais uma dessa vida. Antes de tudo, não devemos reclamar de nada que acontece, por pior que seja, e sim agradecer.

Um dos maiores sonhos que tinha era de ter uma banda, poder tocar e ver as pessoas cantando nossas músicas. Bem, passei por isso em um show do Godhound e meus olhos se enxeram de lágrimas (não, não deixei transparecer na hora, antes que me perguntem) quando vi uma pessoa, que não fazia ideia quem era, cantando Sirens, música que fiz para o primeiro EP da banda.

Andre Matos.
Estendendo para a minha coleção, umas das minhas primeiras lembranças foi, ainda na minha adolescência, de comprar o Angels Cry (1993) e o Holy Land (1995) à R$10,00 cada um, em uma promoção na extinta Glênio Discos, no centro de Mossoró/RN. Passei dias e dias viajando naqueles álbuns, lendo os encartes e cantando as músicas, sempre no "falsete", porque é impossível um ser humano comum reproduzir o tom de Andre Matos.

Ainda na infância/adolescência, o primeiro show grande que fui (com muita luta) foi o do Shaman em Fortaleza/CE, no ano de 2003. Na época eles eram minha banda favorita e foi uma emoção muito grande ver Andre Matos & Cia ao vivo. Ainda lembro da introdução Ancient Winds e da execução de Lisbon no show, grande clássico do Angra. Na ocasião até apareci no DVD RituAlive (2004) deles, no trecho do making of que aparece o show no Ceará Music. Pois bem, os anos foram se passando e eis que encontro para vender, no meio do nada, o dito DVD, quando já estava esgotado em todos os lugares, inclusive em sites internacionais. Essa história já foi contada aqui no Rock'N'Prosa (você pode conferir AQUI).

cartaz do show do Andre Matos em Mossoró/RN.
...E não é que em 2013 - 10 anos depois do show e do início da coleção - a vida aprontou mais uma das suas. Queria compartilhar isso novamente com meu amigo Thiago Costa, quem acompanhou todo o processo e quem me deu a ideia para escrever sobre isso. Depois de assistir o show em 2003, comprar o DVD em 2011, eis que vamos ter o privilégio de abrir o show do Andre Matos em Mossoró/RN. Ainda não caiu a ficha. Como a vida apronta das suas com a gente. O melhor é poder fazer isso ao lado de todo mundo que acompanhou toda a história e que é fã do cara, não vou citar aqui todo mundo, mas vocês sabem quem são. Realmente não tem preço. Será algo que transcenderá esse plano astral que vivemos.

Se você está lendo isso antes do dia 27 de outubro de 2013, ainda dá tempo de correr para Mossoró/RN e prestigiar esse momento histórico.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Rock'N'Prosa no Rock In Rio pt. II


Depois de dois dias de folga, eis que a equipe Rock'N'Prosa volta à Cidade do Rock. Domingo ensolarado no Rio de Janeiro/RJ e às 14:00 já estávamos a postos esperando o ônibus para o festival. A expectativa era grande para assistir André Matos, só que mais uma vez o trânsito e enorme quantidade de pessoas - demoramos quase meia hora para entrar no festival - fizeram com que perdêssemos mais esse show. Para não dizer que não "vi" nada, escutei os últimos acordes de Rebel Maniac enquanto estava na fila, que passava exatamente por trás do Palco Sunset.

O dia 22 de setembro não era de andar por qualquer lugar, uma das melhores seleções de bandas dos últimos tempos estava prestes a tomar de conta do festival.

#DESTRUCTION


Sol a pino e os primeiros acordes do Destruction começaram a soar pelo Palco Sunset. Particularmente não conhecia a banda, mas virei quase um fã, somzeira pesada e bem executada!! Não tenho muito o que comentar do set-list, basta destacar que na metade do show os brasileiros do Krisiun subiram no palco. Senti o orgulho na voz do vocalista Alex Camargo ao dizer que eles eram a primeira banda nacional de Death Metal a subir no palco do Rock in Rio. Se o show estava pesado, agora ficou pesado ao cubo. O nível da destruição aumentou, com certeza.

#HELLOWEEN


Agora vem um dos shows esperados do dia. Cresci ouvindo o Helloween, e com o sol se pondo a banda entra no palco com Eagle Fly Free, cantada por todos os presentes. Achei o som um pouco aquém dos outros shows, os vocais estavam um pouco baixo, assim também como a bateria. Mas, enfim, não tirou a magia do show, porque era o Helloween que estava ali. Misturando músicas novas como Waiting for the Thunder, com clássicos como Power, o show foi caminhando, até que chegamos no bis. Como era esperado, Andi Deris anunciou Kai Hansen, guitarrista da formação clássica da banda, e como era esperado - por mim - tocaram Dr. Stein, Future World e encerraram com I Want Out, um encerramento digno do poder do show.

#ZÉPULTURA


A viagem já tinha valido até aqui, mas o melhor ainda estava por vir, em duas parcelas, melhor, três. A primeira parcela foi o show do ZéPultura (fazendo justiça a Thayro, que gritou o nome antes de todo mundo, e estaria agora com muito dinheiro se tivesse patenteado antes do Andreas Kisser gritar isso no microfone). Sepultura no palco, destruição total, só músicas que não vinham sendo executadas a certo tempo. Particularmente, gostei mais dessa apresentação do Sepultura do que do show da quinta-feira, o som estava muito melhor. Após 5 músicas porradas, Andreas Kisser anuncia o momento mais esperado por todos. O profeta em pessoa, Zé Ramalho, sobe no palco e começa um dos melhores shows que pude presenciar. Dança das Borboletas, seguida de Jardim das Acácias, preencheram o show, com todo o peso do instrumental do Sepultura. Mote das Amplidões, faixa bem surrealista e que não conhecia, foi um dos destaques do show, muito boa a execução. Ainda fizeram parte do show Em Busca do Ouro, do projeto solo de Andreas Kisser - o qual agradeceu humildemente aos membros da banda, por aceitarem tocar aquilo em um show do Sepultura - e um instrumental usando a base de Avôhai, deram continuidade ao show. Após agradecimentos, o encerramento não podia ser diferente, Admirável Gado Novo. Nunca imaginei que pularia cantando o refrão dessa música alguma vez na minha vida. Esse foi O SHOW do festival. Foi o show que fez valer o ingresso, a viagem e o cansaço. Mas, como disse, ainda faltam duas parcelas.

#SLAYER


Nem bem acabou o Zé e os acordes de World Painted Blood começaram a soar. Corri para o palco e mundo e vi de longe o Tom Araya gritando, lembro que ainda gritei para meu irmão: "Não é o DVD, são os caras mesmo!!!". Slayer, meu amigo. Outro show que não imaginava assistir. Parei em frente ao palco, a certa distância e curti War Ensemble, Mandatory Suicide e Seasons in the Abyss. Muito bem executadas e com muito mais energia do que já tinha escutado antes. Para o bis, o Slayer preparou algo especial. O pano de fundo foi trocado e o nome "Hanemann" apareceu nos telões. Homenagem mais que merecida, e como era esperado o Slayer encerrou com South of Heaven, Raining Blood e Angel of Death, com direito ao agudo e tudo. Excelente show, lembrei agora de todas as vezes que ouvi a frase: "Vale a pena ver o Slayer", e hoje eu digo: "Vale, e muito".

#IRON MAIDEN


A banda que vinha agora dispensa comentários. Já mencionei em diversas postagens aqui no Rock'N'Prosa o quanto esse show do Iron Maiden seria especial para mim. Não era só a minha banda favorita, mas sim a minha banda favorita refazendo a turnê do meu álbum favorito. Sem atrasos, aos 5 minutos da meia-noite do dia 23 de setembro, Doctor Doctor, do UFO começa a soar, seguida da introdução de Moonchild. Blocos de gelo no palco e promessas de muitas explosões quando o Maiden executou logo em seguida Can I Play With Madness. O set-list foi basicamente o executado em 88, mas o espaço foi aberto duas vezes com Fear of the Dark, e - uma música que tem tudo a ver com o que o mundo está passando hoje - Afraid to Shoot Strangers, ambas do Fear of the Dark (1992). Músicas que não eram executadas há muito tempo voltaram, como The Prisoner e Seventh Son of a Seventh Son, e tive a honra de ver não só um, mas três Eddies dessa vez, todos remontando ao Seventh Son of a Seventh Son (1988), álbum principal dessa turnê. Depois de um desfile de clássicos e cordas vocais danificadas, eis que chega a hora de tocar Running Free e se despedir do show. Se o Zé e o Slayer tinham feito tudo valer a pena, o Maiden sacramentou tudo. O melhor show que tive o prazer de assistir na vida, posso afirmar isso com certeza. Ficam aqui os desejos para que os boatos sobre um possível DVD sejam confirmados, porque esse registro merece ser guardado nas estantes de todos os amantes de música e de rock'n'roll.

Bem, é chegado a hora de voltar para casa. Malas arrumadas, ingressos e LP's devidamente embalados, o avião levantou voo. O que ficou de impressão do Rock in Rio foi que a organização foi perfeita. Vários pontos do local possibilitavam assistir aos shows, deixando o público bem espalhado e acomodado por toda a área. A estrutura de som estava boa, as bandas mais pesadas não foram prejudicadas. E se o show não estava bom para você, sempre tinha a possibilidade de fazer algo divertido naquele tempo, com as outras inúmeras atrações do festival.

Espero que tenham gostado desses relatos e até a próxima.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Rock'N'Prosa no Rock In Rio pt. I



Antes tarde do que nunca, o Rock'N'Prosa viajou até o Rio de Janeiro/RJ, para a Cidade do Rock, onde acompanhou e curtiu os dias dedicado ao rock pesado do festival Rock In Rio. Um pouco do que foi essa cruzada vocês conferem agora. Para não ficar muito extenso, vou dividir os relatos em duas partes, uma dedicada a cada dia do festival.

Natal/RN, 4:00, 19/09/2013. Depois de um cansativo dia e uma cansativa viagem, eis que a equipe Rock'N'Prosa se prepara para rumar ao Rio de Janeiro/RJ. Voo tranquilo até Salvador/BA, junto com a equipe juvenil do Bahia, e logo em seguida aportamos no Rio. Preto era a cor predominante no Aeroporto Galeão e na cidade como um todo. Para cada 10 pessoas vistas, 7 estavam com camisa do Metallica, sinal do som que seria ecoado pela cidade naquele dia.

Depois de uma visita a sebos e da aquisição de diversos títulos em vinyl, colocamos os ingressos nos bolsos, camisas do Godhound no peito, e rumamos ao rock'n'roll. Por causa da distância entre Copacabana e a Cidade do Rock e do trânsito do Rio, perdemos o Dr. Sin e o Almah, chegando a tempo de ver o começo do show do Sebastian Bach no Palco Sunset.

Assim que cruzamos as catracas, somos recebidos pela imensa estrutura do festival. Muita organização, muita gente andando, e um palco que pode ser visto de muito longe (Palco Mundo). Diversas praças de alimentação, atrações dos patrocinadores, distribuição de brindes, e a Rock Street. Ah, a Rock Street. É algo para cinema. Uma réplica de uma rua irlandesa, com diversas lojas e restaurantes. No meio da rua, artistas fazendo apresentações, bandas tocando música celta, e um palco montado, onde tinham danças e mais música celta. Fomos agraciados com uma apresentação do Bruno Maia, fundador do Tuatha de Dannan, tocando um excelente rock celta. Pena que não pudemos curtir muito (por enquanto) porque os fogos de artifício anunciaram que o Sepultura estava subindo no palco.

#SEPULTURA



Ainda hipnotizado pela música celta, perdi o começo do show do Sepultura. Mas, depois de uma breve corrida e uma quase cerveja derramada, avistei o Palco Mundo. Não sou um conhecedor ferrenho da carreira deles, mas o show para mim pode ser resumido à Territory e Roots Bloody Roots, energia pura. A mistura dos tambores do Tambours du Bronx com o peso e saturação da guitarra do Sepultura é inquestionável.

#GHOST


Acabado o Sepultura, era hora do Rob Zombie. Confesso que nem me dei ao trabalho de me deslocar até o Palco Sunset, porque não conhecia nenhuma música dele. Mas, logo depois veio o show mais esperado da noite para mim (sim, o Metallica foi um extra): O ritual profano do Ghost. Está bem, podem falar o que for, a maioria das pessoas não entendeu o que foi o show dos suecos. A Globo com seu pensamento xiita caiu em cima, e assim também a mídia como um todo. Deixando o desabafo de lado, o show foi simplesmente perfeito. O som estava bem regulado, deu para distinguir com clareza todos os instrumentos e passagens. O repertório foi uma mistura dos dois álbuns do Ghost (B.C. é o car$%!#), com direito até ao instrumental Genesis. Os destaques do show para mim foram Year Zero e Ghuleh/Zombie Queen, ambas do novo álbum do Papa Emeritus II & Cia.

#ALICE IN CHAINS


Outra banda que não tinha escutado muito foi o Alice in Chains, apesar de serem quase clássicos. Para não dizer que não conhecia nada, ainda escutei o seu mais novo álbum, The Devil Put Dinossaurs Here (2012), muito bom por sinal. O som ao vivo é muito semelhante ao álbum, execução perfeita. Acabei por curtir somente Hollow, faixa de abertura do álbum e que foi executada no início do show. Aproveitei a deixa para circular um pouco pelo festival e curtir mais um pouco de música celta. Foi aí que me deparei com uma loja em especial da Rock Street. Loja de LP's. Acho que o nome deveria mudar de Record Store para Very Expensive Billionaire Record Store. Os LP's mais caros da história!! Mas, dentre os títulos, muita coisa boa, com destaque para o Voyage 34 (2000), do Porcupine Tree e o Black Sabbath (1970), só não vou citar os preços.

#METALLICA


Agora parem as máquinas!! Uma das maiores bandas do mundo em atividade estava prestes a subir no palco. A quinta-feira (19/09) foi um dia estranho, porque comecei o dia assistindo um DVD do Metallica, e algumas horas depois, estava em frente ao palco para vê-los ao vivo, e não mais virtualmente. O cansaço estava grande, a espera estava aumentando, e não foram 20 ou 30, mas 40 minutos de atraso, até que enfim It's a long way to the top, do AC/DC, começou a tocar, era o sinal que o show iria começar. Após a clássica introdução The Ecstasy of Gold, do Ennio Morricone, o Metallica entra em cena e começa a quebrar tudo com Hit the Lights, quase ligada com Master of Puppets. Set-list impecável com uma chuva de clássicos, com direito a explosões no palco em One e Enter Sandman, sem contar no bis com Creeping Death e Battery.

Com o fim do show era hora de pegar o busão e voltar para o hotel. Recarregar as baterias e se preparar para o segundo dia do festival, e muita coisa boa estava por vir nesse segundo dia...

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Somos todos Poetas: O Velho Guerreiro


O velho guerreiro


Você carrega todos os meus segredos
Contei tudo sem medo
Fazendo silêncio as vezes
Exalando música quando preciso
Som leve e pesado
Juntos na mesma vibração

Você presenciou o começo
Carrega os danos do tempo
Traz a alegria e a tristeza
Unidas em uma única melodia

Você interpretou grandes clássicos
Mesmo nunca tendo ido a um concerto
Talvez seja o que você tem de especial
Conseguir cantar sem nunca ter ouvido uma voz

Pena que você nunca vai ler isso
Mas, o sentimento é o que fica
Notas maiores ou notas menores
Com sétima ou diminutas
Não importa
Sua energia é sempre sentida
Pois você, velho guerreiro
Só pode ser uma criação divina

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Uma mente mais que feita


 Não é segredo para os amantes de música que um dos maiores nomes da atualidade é o Tedeschi Trucks Band. Banda formada por Susan Tedeschi e Derek Trucks. O primeiro álbum dessa super banda, Revelator (2011), serviu de trilha-sonora para diversos momentos dos tempos que se passaram. Logo em seguida, veio a versatilidade do ao vivo Everybody's Talkin' (2012). Após essas duas relíquias, não imaginava que mais estava por vir, até que foi anunciado o lançamento de mais um novo álbum.

A expectativa era tamanha pelos primeiros acordes do Made up Mind (2013), novo álbum do Tedeschi Trucks Band. E finalmente esse dia chegou. Comprei a minha edição em vinyl ainda na pré-venda, e já comecei de hoje o dia com um e-mail da banda na minha caixa, com o código para download do álbum.
capa do Made up Mind (2013).
O cabelo do braço já levanta nos primeiros acordes de Made up Mind, faixa-título e de abertura do álbum. Guitarra saturada, com uma pegada meio rock'n'roll, seguida do poder da voz de Susan. Pensei que o rock seria o elemento dominante, mas o velho TTB aparece no refrão, com backing vocals e metais, sem contar nos brilhantes solos com o slide, do Derek Trucks. Não poderia ter boas-vindas melhores para esse álbum. Do I Look Worried traz uma levada mais lenta, com um pouco de elementos do soul. Gostei do resultado.

A riqueza musical do Tedeschi Trucks Band é indiscutível, mas estava esperando onde as raízes Southern deles apareceriam. Idle Wind é a primeira a levantar essa bandeira, com um som meio "caipira", fazendo lembrar até o Mississipi Kid, do Lynyrd Skynyrd, no início. Misunderstood e o single, Part of Me, voltam a levantar o humor do álbum, com sua pegada mais agitada.
Derek Trucks e Susan Tedeschi.
A impressão que tive até agora é que o rock foi meio deixado de lado, para dar lugar ao soul e blues. Influência principal do ao vivo Everybody's Talkin' (2012). Mas, que bom que estava enganado. Guitarras distorcidas aparecem novamente em Whiskey Legs, com uma levada mais pesada. Impressionante como a voz de Susan combina bem com todos os estilos apresentados no álbum. O peso dá sequência a uma balada, It's so Heavy, no melhor estilo Until You Remember, do Revelator (2011), puro feeling, seguida da animada All That I Need.

O estilo da banda, definido como "blues", ainda não tinha sido deixado claro no álbum. Aliás, não gosto desses rótulos que colocam nas bandas. Enfim, desabafos à parte. O blues aparece forte and Sweet and Low, no melhor estilo B.B King, claro que com o vocal mágico de Susan. Sem contar na guitarra de Derek, que parece cantar junto com ela.

Se o humor estava meio baixo, logo o Tedeschi Trucks Band trata de levantar, com um rock'n'roll "riffado" de leve em The Storm, novamente trazendo o estilo Southern Rock para o álbum. Imaginei na mesma hora como deveria ser essa música ao vivo. Explosão pura. Para encerrar o Made up Mind (2013) vem a profunda Calling Out to You, contrastando com as boas-vindas energéticas.

O resultado final da audição foi o melhor possível. A banda mostrou que não sentou no sucesso do Revelator (2011), e produziu um álbum bem variado musicalmente. Tirando tudo o que os excelentes músicos da banda oferecem.

Para você que curte essa variação musical, pode escutar sem medo de ser feliz. Você não vai se arrepender.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Atravessando Abbey Road novamente


Um dos meus álbuns favoritos dos Beatles é o famoso Abbey Road (1969), que coincidentemente foi o último "gravado" por eles. Digo "gravado" porque o Let it Be (1970) foi gravado antes e lançado posteriormente a esse. No dia 26 de setembro de 1969, o mundo escutava os primeiros acordes de Come Together, seguida da indescritível, Something. Quem nunca viajou naqueles acordes? Por isso sou fã do George Harrison, suas poucas composições conseguem se sobressair em meio as Lennon/McCartney's.

Mas, por que estou falando de setembro se ainda estamos em agosto?

Pois bem, por volta das 11:30 do dia 8 de agosto de 1969, 44 anos atrás, os 4 Beatles atravessaram Abbey Road e fizeram história. A capa do Abbey Road (1969) é, por não dizer a mais, uma das mais famosas e reconhecíveis de toda a história. Milhares de pessoas repetiram a ação e atravessaram a rua, um dia ainda irei marcar presença lá.

Para comemorar o aniversário dessa foto/capa. Vou dedicar essa postagem aos elementos da capa do Abbey Road (1969). Vou tentar me lembrar de todos. E antes de mais nada, dedico essa postagem a Karlo Schneider, a quem devo pela transmissão desse conhecimento.

Para começar, o Abbey Road (1969) é o primeiro álbum a não contar com o "título", nem o nome "Beatles" na capa. Algo que o Pink Floyd adotou em seus álbuns. Até hoje não sei porque o "Dark Side of the Moon" se chama "Dark Side of the Moon", porque não tem escrito em canto nenhum do LP esse título.


Voltando à capa. Da direita para a esquerda temos John, Ringo, Paul e George. Desde a época do Sgt. Pepper's surgiu um boato de que Paul McCartney tinha morrido, e que aquele "Paul" que estava nas ruas era um sósia. Se abrirmos o encarte do Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (1967) vemos que em todas as fotos Paul está de costas, enquanto os outros Beatles estão de frente. Essa morte de Paul foi também trazida para o Abbey Road (1969).

Se você olhar bem, todos os Beatles estão com o pé esquerdo na frente do direito, enquanto somente Paul está com o direito na frente. O mesmo vale para o calçado, todos estão calçados e Paul está descalço. Isso na cultura hindu representa a morte. A roupa branca de John não tenho certeza se tem ligação com algum guru (uma espécie de padre), mas sei que Ringo está vestido de motorista do carro fúnebre. Para acabar de completar, no lado esquerdo da foto tem um Fusca ("Beetle" em inglês), com a placa LMW281F, que se atentarmos para o final "281F", teríamos algo como "28 IF" (ou "28 se", em inglês). O que isso quer dizer? À princípio, nada. Mas, Paul McCartney tinha 28 anos naquela época. Então seria algo como: "Se Paul estivesse vivo, teria 28 anos".


No lado direito da imagem, mais ao fundo, vemos um senhor. Bem, ele não representa nada, mas ficou eternizado na capa. O nome dele é Paul Cole, e estava na hora conversando com um policial, quando viu "4 malucos atravessando a rua". Só descobriu alguns anos depois que entrou para uma das fotos mais importantes da história.

Com relação ao álbum, não há o que discutir, é um dos meus favoritos dos Beatles, e continua sendo referência para muitos músicos mais de 40 anos depois do seu lançamento.

Para concluir, espero que tenham gostado dessa nova travessia por Abbey Road. E até a próxima.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Sem limites para a criatividade


Muitas vezes me pergunto se chegará um tempo onde não haverão mais novas músicas, novas bandas. Se chegará um dia onde a criatividade atingirá o seu limite, e nenhuma nota mais poderá ser harmonizada em uma canção, porque todas as possibilidades já foram testadas. Esse Apocalypse imagino que ainda está muito longe de chegar, porque quando acho que tudo está parando, eis que surgem novos nomes na música, novas canções.

Esse desafio à criatividade foi lançado pelo paulista Phillip Long. Natural de Araras/SP, Phillip Long tem 6 álbuns lançados na sua carreira, sendo que 4 deles foram lançados só no ano passado. Não escrevi errado. Ele lançou 4 álbuns em um único ano.

O som do Bob Dylan brasileiro mistura folk com um pouco de rock, resultando em composições mais que brilhantes. Dos seus álbuns lançados, gostaria de destacar dois: Sobre Estar Vivo (2012) e Caiçara (2012). Dois excelentes álbuns e muito distintos entre si.

O som do Sobre Estar Vivo (2012) é mais interior, remota mais à alma. Músicas profundas, inundadas de sentimento. Executadas somente com violão. Destaque para Ciclo Natural e Rapaz de Interior.

 
O Caiçara (2012), meu álbum favorito, traz uma sonoridade mais folk rock, contrastando com baladas melódicas também, incluindo mais guitarras nas composições. Músicas como Lion Heart, How Deep Does It Goes, Green House e Caiçara são puro feeling. Abrindo espaço para um rock leve em When the Thunder Hits the Ground e Love's Gonna Kill Us. A sonoridade geral faz lembrar muito o Bob Dylan, inclusive a sua voz.



Gosto sempre de dizer para sermos criativos, e eis mais um exemplo. Essa fonte que banha a nossa mente está muito longe de secar. Seja criativo. Pense, que as ideias surgem. Como a música está sempre em movimento, podem preparar mais páginas do seu livro, porque o Apocalypse vai demorar muito ainda para chegar.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Vivendo com a sua música


Sempre ouvimos que devemos ser fiéis ao que somos durante toda a vida. Eu prefiro encarar isso como uma música. Devemos tocar a nossa música em todos os momentos possíveis da vida. Claro que vamos variar a melodia, mas não mudando o timbre, se é que me entendem. E falando em música, é que vamos continuar esses relatos.

Um dos músicos contemporâneos mais em evidência hoje em dia é o Steven Wilson. Com uma carreira de muitos anos como produtor musical, ele está finalmente desenvolvendo suas brincadeiras com todo o dinheiro que ganhou nos seus anos de trabalho. Quando digo "brincar" com a música, estou me referindo a compor sem medo de agradar "A" ou "B". Fazer um álbum que te agrade primeiro.
Steven Wilson.
A primeira brincadeira do Steven Wilson é uma das minhas bandas favoritas, o Porcupine Tree. Os caras nunca tocaram no Brasil, não possuem álbuns lançados no Brasil, mas isso não impediu de possuir alguns títulos na minha coleção. O "novo Pink Floyd", como gosto de chamar, mistura peso e melodias suaves, o que originou grandes álbuns durante toda a carreira da banda, dos quais cito o Fear of a Blank Planet (2007), In Absentia (2002), Lightbulb Sun (2000) e Signify (1996). A banda ainda gravou dois DVD's: Arriving Somewhere...but not Here e Anesthetize. Sem contar ainda no recém-lançado álbum ao vivo Octane Twisted (2012). Não me canso de escutar a banda, e a considero como o maior nome do rock progressivo da atualidade. Correndo ao lado de bandas como Rush e o próprio Pink Floyd.
Porcupine Tree no Royal Albert Hall.
Mas, como a música é sempre constante, é chegada a hora de dar uma pausa. Conhecendo Steven Wilson, ele não é de acabar certo projeto, mas é de inventar novos projetos. Com isso, após uma parada nas atividades do Porcupine Tree, eis que ele surge com a sua nova banda solo, Steven Wilson.

A banda lançou 3 álbuns, o que inclui o novo The Raven that Refused to Sing...and Other Stories (2013), o qual espero ansiosamente para escutar e ter na minha coleção. Com relação a isso tem um bom trabalho da Burning Shed junto com o pessoal da gravadora KScope, que estão se especializando na venda e gravação de produtos relacionados aos novos nomes do rock progressivo. Não parei para escutar, mas existe um trabalho muito bem aceito dos italianos do No-Man e do próprio Blackfield, outro projeto do Steven Wilson.

Voltando ao projeto Steven Wilson, a linha da nova banda ainda é o progressivo, só que os horizontes foram mais expandidos em relação ao Porcupine Tree. Além dos pianos e sintetizadores, presentes no Porcupine Tree também, Steven Wilson inclui flautas e mais instrumentos "exóticos" em suas músicas. É claro que o som faz lembrar um pouco o Porcupine Tree, mas a sua banda solo tem uma atmosfera diferente, foi essa a impressão que eu tive ao escutar composições como Harmony Korine e The Raven that Refused to Sing.



Ao contrário do Porcupine, Steven Wilson já veio duas vezes ao Brasil, a última inclusive no dia 20 de maio. Merecia eu ter comparecido, eu sei. Mas, ficam os desejos por uma passagem pelo Nordeste, talvez no Teatro Riachuelo, é sonhar demais?

Como qualquer "trabalhador", você poder viver do que gosta é algo muito gratificante. Como o jornalista ou professor, que gosta de pesquisa, que gosta da própria aula. Você escolhe o seu caminho e procura tirar dele o melhor. Essa sensação é a mesma, como compositor, de compor e tocar músicas que você gosta mesmo, e não que foi influenciado por dinheiro ou fama. Devemos viver com o que gostamos, e não fingindo ser uma outra pessoa.

Como fã de rock progressivo, peço que anotem esse nome. Vocês ainda ouvirão falar dele muito. E para quem se interessou em conferir o seu som, pode ir sem medo, só tome cuidado para não ficar viciado, como este que vos escreve.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

A agulha sem a colher


Me perdi no meio desse som, uma tremenda viagem pelo mundo que estava ali me esperando desde que embarquei nesse navio da música. Desde que comecei minha coleção, mantive aceso o desejo por ter LP's, mas a oportunidade nunca tinha aparecido. Escutar os primeiros acordes de Rainbow Eyes saindo por aqueles auto-falantes, mesmo que sem potência, causou uma mistura de sentimentos, desde emoção até euforia, quando as primeiras flautas começaram a soar. Já imaginava que veria os olhos do arco-íris quando escutasse o LP Long Live Rock'n'Roll, mas não imaginava que esses olhos teriam algum feitiço. Olhos que te chamam para o inesperado.

Não é simplesmente apertar um botão, quando temos MP3 ou até no CD, onde selecionamos a faixa por um controle remoto. Temos que posicionar a agulha na exata faixa, ajustar a rotação da vitrola, e sem a necessidade de uma colher, temos uma overdose das melhores de música. É uma experiência única, e diferente de tudo que tinha vivido nesses 10 anos de coleção.

Seja escutando os vocais de Stargazer, os relógios de Time, o canto gregoriano de Infestissumam, os solos de Infinite Dreams. A paz que aquela agulha, subindo e descendo, traz para o espírito é incalculável. Já me peguei apenas observando isso, em certo momento, sem ter noção de qual música estava saindo exatamente pelos auto-falantes.

Respire música, viva a música.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Conseguiremos chegar aos 100 anos?


Em uma conversa muito boa e recente, me lançaram uma ideia e acabei por ficar pensando um pouco sobre tudo: "Com a vida que tenho hoje, conseguiria viver 100 anos?".

Parei, pensei, pensei novamente, refleti, ponderei, pensei mais uma vez, e eis que saiu a resposta.

Para começar, você precisa ter certeza que quer chegar aos 100 anos, que não vai parar pelo meio do caminho. Isso é meio que óbvio, mas é a filosofia. A mesma força que te faz sair de casa em um sábado à noite, quando está chovendo, deve ser a mesma que te impulsiona a viver cada dia de sua vida. É difícil, eu sei. Aparecem muitos obstáculos, e não são pequenos. Você é rejeitado, ignorado, erra feio em algo. Mas, isso não é tudo. Um dia você encontra um disco, escuta a sua música favorita. Essa energia que estava dentro de você nunca saiu e nunca sairá. Ela te acompanha até os 100 anos.

Agora, pare novamente e se pergunte: "Quero viver até os 100 anos?".

Os médicos dizem que devemos comer bem e dormir bem para ter uma vida longa. Eles que me perdoem, mas digo que não. Temos é que tentar ser felizes para ter uma vida longa. É tomar banho de chuva no meio de um show de rock, é se esbaldar (sem exagero) na sua comida favorita, é virar um litro de cerveja enquanto ouve o AC/DC.

É claro que tudo é relativo, mas não estou olhando pelo lado "saudável" para o corpo e sim para o espírito. Se o nosso espírito estiver forte, nossa vida prossegue. Olho em volta e vejo muita gente que finge ser feliz, mas realmente só faz tudo para agradar um ou outro. Você tem que agradar primeiramente a você mesmo. Escutar música se quiser, deixar a barba crescer se quiser, e não ficar sendo influenciado por propagandas de televisão ou afins.

Isso é saúde, e com saúde chegamos aos 100 anos. Hoje não tenho tudo aquilo que queria, em todos os planos. Mas, isso não é motivo para ser infeliz. Aumente o seu som, ponha os óculos e siga em frente. Os 100 anos nos esperam. E se você também quiser chegar lá, pode embarcar nesse trem sem medo.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

A Música Invisível


Sempre que posso, gosto de escrever sobre as produções artísticas do meu estado. Essa foi até uma forma que achei de olhar com mais atenção para os trabalhos que são feitos aqui, coisa que não fazia antes. Conheci recentemente o Talma & Gadelha, Velociraptors, Monster Coyote, Mad Grinder, só para citar alguns. Em uma das minhas idas ao Festival DoSol, me deparei com o Camarones Orquestra Guitarrística. Neste último fim de semana, finalmente consegui ver eles em Mossoró/RN, e não decepcionaram. Na oportunidade adquiri o seu mais novo trabalho, O Curioso Caso da Música Invisível (2013), e sobre ele é que vou falar agora. 

O que me intrigou logo de cara foi o nome do álbum: que danado de música invisível é essa?

Enquanto gravava com o Godhound no início de junho, em um dos momentos de devaneio, peguei um livro que estava na mesa ali do estúdio e acabei me deparando com essa tal da música invisível. Um texto muito interessante, que aproveito e recomendo a leitura, caso algum dia o encontrem. Acabei me esquecendo de anotar o autor do livro, mas, enfim, não vamos fugir do assunto.
capa do Curioso Caso da Música Invisível (2013).
Cheguei a escutar o Espionagem Industrial (2011) assim que foi lançado, ainda estava em Florianópolis/SC na época. Apesar de ser um bom álbum, O Curioso Caso da Música Invisível (2013) está acima dele, para mim.

Logo de cara quando escutei gostei da maior inclusão dos sintetizadores nas músicas, como apresentado em Trintão. A variação nos estilos está bastante presente, desde a levada meio polka de Gloom, passando pelo soul de Pigmalião chegando ao surf music de Corra Bátima. As roqueiras alternativas Flecha Ligeira e O Sapo dão continuidade ao álbum, trazendo mais diversidade ainda, me fazendo lembrar um pouco do Concrete Blonde. A "Monster Coyote" Caça ao Lobisomem, minha favorita do álbum, levanta a bandeira do rock pesado, para não dizer do metal, em uma verdadeira pedreira. Bravo Xerife Bonzo diminui um pouco a velocidade do álbum, misturando peso com uma levada funk, seguida de Tony Silverado, o que me fez lembrar do Silverados, excelente banda do Uruguai que tocou ano passado no Festival DoSol. Em seguida vem Tudo Errado, que de "errado" não tem nada. Melodia mais puxada para o metal, fazendo até lembrar um pouco dos riffs do Zakk Wylde, na época do No More Tears (1991), do Ozzy Osbourne, peso em uma boa dose. A polka-ska-reggae Cabron encerra o álbum. Chamando a atenção para os metais, que estiveram presentes em todo o álbum, mas que ganharam um destaque maior nessa música, contrastando com o peso da guitarra e dos solos.

O maior destaque do álbum é a diversidade nos estilos. O que acho melhor é que bandas como o Camarones enriquecem a cultura do nosso estado e levam o nome do RN para o Brasil inteiro. Hoje o RN é celeiro de excelentes bandas, e isso está começando a ser visto pelo resto do país. Para quem quiser conferir o som do Camarones Orquestra Guitarrística, baixe esse e os outros álbuns no site deles (clique AQUI).

E se um dia você se deparar com a música invisível, pare e contemple, que vale muito a pena.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Somos todos Poetas: Papel da Miséria


Papel da Miséria

Não é de hoje que a nossa sociedade
Vive presa em uma corrida veloz
Em busca do sustento para o dia
Mas, o que realmente queria
Era viver na felicidade

A jornada só leva à miséria
Quando a busca desenfreada por riqueza
Leva-nos até estradas que nunca percorreríamos
Até a beira dos abismos
Para ter mais papel no bolso

Ele nos leva a atacar o irmão
Negar ajuda ao próximo
Corromper o nosso espírito
Em busca de um alívio
Que achamos ter no papel

Ainda prefiro acreditar no melhor
Nosso destino não é a miséria
Nosso espírito vai achar o caminho
Mesmo caminhando sozinho
Para sair dessa imundice

Se você acredita no papel
Não há o que contestar
Apenas feche essa página
Viva sua vida amarga
E se afogue nesse mar

terça-feira, 11 de junho de 2013

Da Minha Terra


Uma das melhores sensações do mundo é escutar algo que é da sua terra, e essa sensação tive há certo tempo atrás, mas só agora venho escrever. Conheci meio que por acaso, em breve digo porque, um cidadão que acabou por ser uma das revelações musicais do ano, sem sombra de dúvidas, o Artur Soares. Como fã de rock progressivo, conheci o trabalho do Ar, Tu & o Vendaval, projeto do Arthur Porpino. No dia do show, para conhecer algumas músicas, acabei baixando o álbum do Artur Soares e não do Arthur Porpino. Desencontros à parte, virei fã logo de cara do Bodoque (2012), álbum que aponto como um dos melhores já produzidos aqui no estado. De tanto escutar, acabei não comentando muita coisa sobre ele aqui no Rock'N'Prosa.
Artur Soares.
Logo de cara temos um autêntico som nordestino, e muito rico musicalmente e poeticamente falando. Marcha Estradeira traz elementos do rock misturados com um pouco de sanfona, abrindo essa obra com maestria. Da Minha Terra é uma música mais que especial para mim, por inúmeros motivos que não vou listar aqui. Não consigo contar nos dedos as vezes que fui para o trabalho ao som dela, e voltando para casa também, depois de um dia inteiro de aulas. Como "puxador de saco do rock" que sou, só achei que mais uma guitarra distorcida ali cairia mais do que bem na música. Ainda quero pegar ela no violão qualquer dia. 

Com Jurubeba's Queen, música das épocas mais antigas do Jurubebas, o álbum continua e abre espaço para a "pedreira figurada" Cigana do Escarcéu. Apesar de tocar bastante aqui por Mossoró, só consegui assistir um show do Artur, que foi no DoSol. No dia acabei conhecendo a "Cigana", que estava ao lado da "Lua". Bom show, apesar de não estar acompanhado de 100% da banda, mas como diz a letra, "A vida é aquela estrada torta".
capa do Bodoque (2012).
Meu Fusca Charlie nos faz lembrar do nosso velho guerreiro carro, que não importa a idade, sempre será um velho guerreiro. De Repente Rio de Janeiro esbanja criatividade em um repente meio rock'n'roll nordestino. Quase Tudo traz uns elementos de MPB, e é uma das minhas favoritas do álbum, até por sua letra. A "quase" marchinha Ladeira de Santa Teresa abre alas para a épica O Vento e a Janela Aberta, um verdadeiro cartão de visita do Bodoque (2012), traduzindo os excessos em versos, algo que compartilho também. Uma Balada Argentina para Joana do Éden e O Crime de Cantar dão continuidade ao álbum, a primeira no estilo "cabaret", meio Cirque du Soleil, e a segunda uma pura balada, outro cartão de visita do álbum. Branquelinha, me dito depois que foi escrita para a sua irmã, encerra essa grande obra da música potiguar.

Por isso que fiz questão de exaltar a "minha terra". Fiquei orgulhoso de ter um álbum como o Bodoque (2012) produzido em Mossoró/RN, por um compositor e músico mossoroense. Como essa postagem é muito especial, consegui ter uma rápida conversa com o Artur Soares.

RNP: Primeiramente, muito obrigado por aceitar o convite para esse rápido bate-papo, Artur. Antes de ser um blog sobre rock, o espaço do Rock'N'Prosa é aberto para a música, e algo que gosto muito são as misturas nos estilos. Sua música consegue misturar além de forró e rock, elementos da música brasileira em geral, misturando tudo em um som mais "popular", por assim dizer, que é fácil para qualquer um gostar. Como compositor também, sei das dificuldades que envolvem a produção do álbum. No geral, como foi o processo de composição e produção do Bodoque (2012)?

AS: Em geral, costumo buscar sempre o que provém da intimidade das coisas e, talvez por isso, resolvi produzir meu primeiro álbum sozinho, sem alvitres, desde as composições aos arranjos. Vinha pra casa e criava tudo aqui, depois levava pra o estúdio numa gravação caseira e a banda sorvia tudo pra finalizar. 

RNP: Foi até interessante ter ido no seu show depois de escutar o seu álbum, ver a sonoridade das músicas ao vivo e tudo o mais. Mas, algo que me chamou a atenção, e que achei bastante legal, foi a receptividade do público, que cantou junto todas as músicas. Acho legal isso porque valoriza mais o trabalho autoral, e é um muro que ainda precisa ser quebrado. Uma das minhas favoritas do álbum é O Vento e a Janela Aberta, que você gravou junto com Luiz Gadelha. Como foi trabalhar com essa lenda da música potiguar?

AS: As pessoas têm sempre cantado as músicas nos shows e isso é sempre bom, saber que há reconhecimento e identificação com o trabalho é essencial. Sobre a participação de Luiz em O "Vento e a Janela Aberta", tudo aconteceu de forma muito natural. Eu já conhecia dois discos dele, o Matando o Amor (2011), projeto com Simona Talma, e o Suculento (2012), disco solo dele lançado recentemente. E Luiz é um cara incrível, tanto o artista quanto a pessoa. Fiquei muito feliz de ter minha canção ligada ao trabalho desse grande artista.

RNP: Costumo dizer aqui no blog que a música é constante. Você já tem algum plano para o sucessor do Bodoque (2012)? 

AS: Sempre faço um esboço todo escrito com as músicas e um primeiro conceito do que venha ser meu próximo projeto, mas, conforme as mudanças vão acontecendo e novas músicas e ideias vão surgindo, vou lapidando tudo de acordo com esses fatores. Acho muito cedo ainda para falar de um novo disco, já que o Bodoque (2012) é muito recente e pretendo me dedicar a esse trabalho por uma extensa temporada, mas a elaboração criativa tá sempre ativada, naturalmente.

RNP: Para terminar, muito obrigado pela participação aqui no Rock'N'Prosa, Artur, e deixo agora o espaço aberto para você mandar sua mensagem para nossos web-leitores.

AS: Espero que apareçam no show do dia 15/06, que acontece no palco “Noite a Dentro” no Mossoró Cidade Junina. Quem ainda não conhece o trabalho, pode baixar grátis no seguinte endereço: www.artursoares.com

É isso, web-leitores, para quem se interessar pelo som, vale muito a pena dar uma conferida. Como colecionador, já adquiri a minha versão física do Bodoque (2012), e está muito bem guardado na coleção.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Pure Rock: Pense Positivo


Tem dias que todos estamos meio para baixo, deixando que os problemas da vida sejam maiores do que nós. É difícil sair dessa frequência, mas como diz o velho ditado que minha mãe me ensinou: "mude a faixa do disco". Olhe sempre para o lado bom das coisas, pratique sempre o bem. Cante.

Eu sempre acabei recorrendo à música para vencer esses dias. Para atravessar esse obstáculo que é um dia ruim na vida de alguém. Então, para começar bem a semana, ou para você passar bem o seu dia, dependendo de quando está lendo isso, aumente o som, e aproveite esse "Pure Rock" mais do que para cima. 

#1 - Monty Python - Always Look on the Bright Side of Life (Life of Brian, 1979)
A música que mais traduz isso não é um típico "rock", mas quem se importa?! A letra é o que importa. Always Look on the Bright Side of Life logo de cara nos diz para olhar sempre para o "lado bom da vida", não importa o que aconteça com você. Não reclame. Agradeça tudo o que te acontecer. Assim que devem ser as coisas. Levou um fora da garota da sua vida? Perdeu o emprego? Bateu o carro? Agradeça tudo o que te acontecer, porque isso te torna mais forte, e a alma forte é o segredo para uma vida melhor. Esqueça seus problemas e como diz a música "dê um sorriso para a platéia".



#2 - Neil Young - Rockin' in the Free World (Freedom, 1989)
Essa música já foi até tema aqui no Rock'N'Prosa, mas nunca é demais lembrar. Não importa o que de mal aconteça, apenas continue em frente, ou como diz a música, "agitando no mundo livre". Essa música é mais uma crítica ao mundo, que está indo de mal a pior, mas a mensagem que ela passa é justamente para seguir na jornada, tentar fazer o melhor.



#3 - Bon Jovi - Someday I'll be Saturday Night (Cross Road, 1994)
Quem não quer ser um sábado à noite? Assim a gente deveria se sentir todos os dias. É claro que existem segundas-feiras e quartas-feiras, mas inclua mais "sábados à noite" em sua vida. Assim devemos cantar, ou ao menos tentar.


#4 - Ramones - I Believe in Miracles (Brain Drain, 1989)
Milagre ou não, eu ainda acredito que o mundo é um bom lugar. E assim cantou Joey Ramone. Se está solitário, aparecerá alguém para te completar, se está triste, uma música vai soar. Não é utopia acreditar nesses milagres. Siga em frente, que a jornada é compensadora.



#5 - R.E.M - It's the End of the World as We Know It (Document , 1987)
Essa música pode ser reescrita como "Eu não me importo é com nada!!". O mundo está acabando, mas o R.E.M diz "eu me sinto é bem". Imagine isso sendo gritado por um grupo grande de pessoas, a dedução que fica é que o mundo não está acabando coisa nenhuma. O mundo só acaba quando você acaba ele para você. Então, nada melhor do que terminar essa seleção com essa. Grite que se sente bem para o mundo, que ele não te engole.


sexta-feira, 7 de junho de 2013

A volta dos imortais II


Isso está parecendo título de filme de Sessão de Sábado, faltou só adicionar o "com Chuck Norris e Jean Claude Van-Damme". Brincadeiras a parte, há quase 2 anos atrás, falei em outra postagem sobre a volta do Black Sabbath, justamente sob esse título, e agora, escutando o seu novo trabalho, o 13 (2013), vi que tinha de repetir o título. Os imortais de fato voltaram.

Essa foi minha sensação ao escutar os primeiros acordes de End of the Beginning. Acordes sombrios, característicos do início da banda, mas sem aquela "sujeira", o que alguns sentiram faltam. Mas, estamos em 2013, deixa o som sujo para os anos 70. A voz de Ozzy, apesar da idade, continua a mesma de sempre, foi bom ouvir novamente esse som sabendo que a guitarra ao fundo pertence a Tony Iommi. Como fã lixo que sou, não escutei o single God is Dead? assim que foi liberado. Uma boa música, mas não a melhor do álbum. Loner aparece mais como uma música da carreira-solo do Ozzy, dos tempos do Diary of a Madman (1981), boas transições, um refrão com instrumental lento, contrastando com o peso do resto da música. Zeitgeist faz lembrar os tempos do Tecnical Ecstasy (1978), época que Tony Iommi mais gostava de fazer "experimentos", a batida de percussão junto com o som limpo da guitarra lembram a essa época. A voz de Ozzy está até meio "penosa", acompanhando a melodia da música. Até os solos estão com uma pegada mais "feeling", não é à toa que chamo Tony de "mestre".
capa do 13 (2013).
Age of Reason traz a velha guitarra rifada, mas com um certo ar de modernidade. A música contrasta um pouco de Children of the Sea, por causa dos teclados, com War Pigs, nos solos melódicos. Live Forever segue a mesma linha da música anterior, só que puxando mais para o lado pesado. Os riffs são diferentes do que já tinha visto do Black Sabbath, ela para mim funcionou como um cartão de visita do "novo" Sabbath. Essa é a parte legal que acho da música, a adaptação com o tempo. É claro que terão pessoas que querem somente ouvir o som do Paranoid (1970), mas assim como o Black Sabbath revolucionou na época colocando distorção na guitarra, eles continuam, não "revolucionando", mas trazendo o peso do século XXI para o seu som. O riff poderoso de Damaged Soul dá sequência ao álbum, com direito a início sombrio e progredindo no final para um puro rock'n'roll, com destaque para o solo, já passou na cabeça a imagem dessa música sendo executada ao vivo. Para encerrar esse álbum vem Dear Father, meio pesada e meio melancólica, não gostei muito, mas não tirou o brilho do álbum.
Ozzy e Tony, em show da turnê 2013.
Confesso que desde o começo esperava encontrar uma sonoridade parecida com o Heaven & Hell, mas Tony e Geezer mostraram a categoria de músicos que são e apresentaram um instrumental bem diferente do projeto anterior. Particularmente, gostei muito do álbum, não cheguei a ter um saudosismo, mas, o álbum representa bem a história que essa banda tem, em produzir grandes músicas. A próxima "Paranoid" não vai sair desse álbum, mas que ele sirva de peça para a história da música, porque acima de tudo, eles são as maiores lendas do rock mundial.