sábado, 25 de maio de 2013

Entre cordéis e líricas



A música é uma viagem através de um mundo onde todas as energias fluem para dentro da sua cabeça. Não existe música sem a poesia. E quando essa poesia é do nosso chão, não existe coisa melhor.

Confesso que odiava as aulas de literatura, mas de uns tempos para cá, comecei a apreciar essa arte e foi justamente através dos cordéis,  literatura que gosto de ler sempre que possível, que embarquei de vez nesse barco e comecei a navegar por esse mundo. A passagem que precisava era justamente encontrar alguém que entendesse o Nordeste, e traduzisse ele em versos. Literatura romântica, dessas que aprendemos nas escolas, são boas, mas um produto do chão nordestino deixa a leitura muito mais prazerosa, e foi justamente isso que encontrei nos cordéis.

Nunca tive a oportunidade de ler nada do Patativa do Assaré, mas através dos versos do paraibano Medeiros Braga, pude prestigiar toda a magia desse universo "Patativa", até descobrir que de fato tinha tido contato com algo dele, mesmo sem saber, que é a música A Triste Partida, interpretada por Luiz Gonzaga. A riqueza do verso popular é incalculável, rimas riquíssimas, conteúdo brilhante. A vida traduzida em verso. Foi essa a sensação que tive com a descrição no cordel "Poesia de Protesto", homenageando o grande Patativa.

Mas, o motivo principal que me leva a escrever isso é o mais novo ilustre que tive a oportunidade de conhecer, o grande Antônio Francisco. Ele é simplesmente genial. A sua obra possui desde cordéis históricos, como "A saga de um prefeito e o bando de Lampião", cordéis com lendas, como "Sete contos de Maria", cordéis de protesto, como "A casa que a fome mora", e meus favoritos, os cordéis que retratam toda a sua simplicidade e filosofia de vida, como "O convite" e "Escrever é sonhar".

Ao ler, e continuar lendo, porque ainda não concluí, posso observar porque o chamam de "Patativa de Mossoró". Com Antônio Francisco aprendi a olhar sempre o lado bom da vida, observar a magia da natureza, deixar de lado a luta ferrenha por capital, curtir cada momento como se fosse o último. Aí é que está a felicidade. É viver a vida sem esperar o retorno, é seguir a estrada caminhando, admirando as serras e os riachos.

A base instrumental da música é sem sombra de dúvida importante, mas ela não se sustenta sem uma base poética. Música é verso, e verso é vida. Então, para você que está lendo isso até agora, está mais que convidado para embarcar nesse barco e navegar por esse mundo afora dos versos.

terça-feira, 21 de maio de 2013

Face a face com o inesperado



Surpresa foi o sentimento que me levou a escrever isso agora. Em uma jornada que tinha de tudo para ser boa, mas não pelo motivo que escrevo agora. Pois bem, depois de sair de casa para prestigiar o Blackout, cover do Scorpions, eis que me deparo com um bando de Chimpanzés que estavam no canto fazendo barulho.

Não sei qual o verdadeiro significado, mas a partir de hoje, encontrar chimpanzés na gaveta vai está ligado ao inesperado. Da mesma forma que nunca esperei encontrar um macaco na minha gaveta, eu esperava que existisse uma banda como o Chimpanzés de Gaveta no Brasil.
Chimpanzés de Gaveta.
Os goianos vieram à Mossoró/RN e destruíram tudo no Centro Cultural DoSol Mossoró. Uma mistura de jazz com funk e umas pitadas de maracatu  e claro, rock'n'roll, está presente no som do Chimpanzés de Gaveta. A banda formada por 6 integrantes, o que inclui além de guitarra, baixo e bateria, uma percussão e sintetizador, tornam as composições grandiosas e variadas musicalmente. O show é um forte candidato a melhor do ano. As composições ao vivo soam de forma cativante, com direito até a covers inusitados, como Para Lennon e McCartney, do Milton Nascimento. Fiz questão de sair de lá com o trabalho deles, o Produto Interno Groove (2013).
capa do Produto Interno Groove (2013).
O EP com 5 músicas é logo aberto pela sensacional Ao Apagar das Luzes, só escutando para sentir a energia dessa música. Pedágio faz você querer "dançar e pensar", como a banda gosta de dizer. A batida meu funk/soul nos faz lembrar um pouco o Tim Maia, só que com vocais um pouco "rasgados", característica forte nas composições. Os Canibais da Sala de Jantar inicia logo com uma alusão a Ennio Morricone, progredindo para uma batida rock com elementos de rap. Das músicas do EP, essa é a com maior peso do rock em relação aos outros estilos, mas, é claro que os elementos do soul não ficaram de fora. A crítica social também está bastante presente, principalmente quando dizem: "fugir ou se esconder? morrer de descaso ou tentar viver?". Os donos do poder estão aí, devemos sofrer com suas atitudes errôneas? ou tentar tirar o melhor de tudo e continuar a viver? Diminuindo um pouco o ritmo, Estação Blues aparece. A melodia faz lembrar o jazz moderno, só que sem os vocais limpos e calmos. Encerrando o EP com maestria vem Palavras Invertidas. A melodia possui elementos fortes do rock, mas contrastando peso com uma melodia mais calma, fazendo lembrar até um pouco as "operas rock".

Para quem não conhece o trabalho deles, recomendo fortemente. Escute e se depare com o inesperado.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

O Dia de Hoje

Como o dia 20 de maio de 1988 está relacionado à história? Particularmente à minha? 

Quando eu nasci não sabia o que era música, mas isso acabou se relacionando comigo durante o decorrer de minha vida. Eis que 25 anos depois, estou aqui escrevendo quase há 3 anos sobre música no Rock'N'Prosa.

Uma das minhas bandas favoritas, para não dizer a mais, é o Iron Maiden, e meu álbum favorito, aí sim, é o Seventh Son of a Seventh Son (1988). Acredito ser um dos poucos privilegiados do mundo que tem a honra de dizer que teve um show da sua banda favorita, na turnê do seu álbum favorito, no dia do seu nascimento.

É, web-leitores, há exatos 25 anos esta noite (dia) aconteceu em Toronto, no Canadá.
Ingresso e cartaz do show do Iron Maiden, no CNE Grandstand, em Toronto, no Canadá. Válido pela Seventh Tour of a Seventh Tour, no ano de 1988.
Iron Maiden em Toronto, 20/05/1988.

Iron Maiden em Toronto, 20/05/1988.
Ainda procuro mais registros desse show, o máximo que consegui foram essas imagens. A busca continua, se é que existe alguma gravação daquela noite.

Se tiverem a mesma honra, podem compartilhar aqui no blog. O espaço está aberto.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Corrida contra o tempo



Depois da alegria do show de Paul McCartney, voltamos à nossa realidade. Algo mais sério está em jogo agora. Na última quinta-feira foi o seu show em Fortaleza/CE, na nova Arena Castelão, um show grandioso, tão bom quanto os últimos que fui no Rio de Janeiro/RJ e Recife/PE. Mas, apesar do show, uma grande preocupação tomou conta de mim e imagino que da maioria das pessoas que esteve lá na localidade.

Em 2014 o Brasil cediará a Copa do Mundo da FIFA, mas é claro, antes vem a Copa das Confederações. Somente 4 estádios farão parte da vindoura competição: Arena Fonte Nova (em Salvador/BA), Maracanã (no Rio de Janeiro/RJ), Estádio Mané Garrincha (em Brasília/DF) e Arena Castelão (em Fortaleza/CE). Este último não trata só a realidade local, imagino que trata a realidade do Brasil.
Copa das Confederações Brasil 2013.
Um dos eventos testes para a Copa das Confederações, além do clássico Fortaleza vs. Ceará, foi o show da lenda viva do rock, Paul McCartney. Digo logo, Fortaleza/CE, vocês não passaram no teste. Isso é sério. Daqui há 1 mês aproximadamente a mesma cidade vai receber a Copa das Confederações.

Antes que comece a injustiça, o que está em jogo aqui não é a qualidade do estádio, que é o que o mundo vê na televisão. A Arena Castelão está impecavelmente moderna e bonita. Não há o que reclamar. Estrutura "européia". Mas, o que preocupa é o que está ao redor da Arena Castelão. 

Arena Castelão, em Fortaleza/CE.
Só para situar, há 1 mês da competição, as obras de mobilidade ainda não foram concluídas. Vamos aos números, citando o evento-teste como exemplo. Levei aproximadamente 3 horas para percorrer um caminho que normalmente é percorrido em 20 minutos, entre o hotel e a Arena Castelão, e detalhe, o engarrafamento estava grande e parado de um jeito que tive que descer do táxi e ir a pé para o estádio. Essa minha caminhada foi de 4 km, 4 km!! Ainda estou com bolhas nos dedos dos pés por causa dela, mas ou fazia isso ou perdia o show. Caminhando (e correndo, tendo até que ouvir piadas de "maratonista" enquanto passava pelas pessoas), vi a extensão do engarrafamento de veículos. Ônibus, vans e carros comuns se espremiam em uma única via. Vagas de estacionamento tinha aos montes, mas as vias não contribuíam para a fluidez do trânsito. Resultado da não conclusão das obras de mobilidade. E acabou por aí? Saindo do estádio, após o show, a falta de táxis prejudicou a volta para casa da maioria das pessoas. Até as informações eram desencontradas, com os policiais sempre mandando seguir em uma direção diferente na esperança de encontrar um táxi  Mas, nada feito. Nenhum táxi (livre) sequer foi encontrado. Minha sorte foi uma carona que consegui até o hotel.

Essa mesma cidade, receberá um público duas vezes maior daqui há 1 mês, para o evento-teste da Copa do Mundo da FIFA, a Copa das Confederações. Essa mesma cidade, pelo que vi na última quinta-feira, não está de forma alguma preparada para receber a competição. Se o evento-teste passado servir de alguma coisa, que sirva para acelerar as obras na cidade. Tirando a alegria do show, a situação que se passa ali é preocupante. Imagino que essa é a realidade do restante dos estádios participantes da Copa das Confederações e até da Copa do Mundo, dado que algumas obras estão atrasadas.

Precisamos correr, e rápido. 

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Obrigado, Paul



Não me imaginei vendo Paul McCartney pela terceira vez, aliás, nunca vi uma banda sequer três vezes, nem as locais. E por que logo Paul? O cara é simplesmente um ídolo para mim, um cara que pareceu entender a vida como ela é e conseguiu traduzir em canções. Justamente por causa disso, decidi fazer agora diferente, não vou escrever mais uma resenha, e sim agradecer.

Agradecer pela jornada árdua até Fortaleza/CE, digna de uma canção dos bardos da Idade Média? Agradecer aos litros de suor depois de uma corrida de 4 km até o Castelão, depois de um engarrafamento que nunca tinha visto na minha vida? Claro que sim, são contos que levarei comigo pelo resto da vida.

Como não agradecer à alegria que Eight Days a Week, All my Loving e Paperback Writer causam no espírito? Como não agradecer ao sentimento provocado por The Long and Winding Road e And I Love Her? Como não relembrar da sua infância ao escutar All Together Now e We Can Work It Out? Como não se emocionar com Maybe I'm Amazed? Como não vibrar com Mrs. Vandebilt, Band on the Run e Helter Skelter? Como não se divertir com Hope of Deliverance e Being the Benefit of Mr. Kite? Como não parar para cantar Let It Be e Hey Jude? Como não exorcizar seus demônios com os fogos de Live and Let Die? Como não voltar para casa depois de Golden Slumbers?

Isso tudo é só um pouco daquele universo que é um show do Paul McCartney. Não importa se foi o seu primeiro, ou seu décimo show. A emoção é igual à primeira vez. É um espetáculo único. Por isso, para mim só resta dizer: Obrigado, Paul...e, até a próxima!

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Pure Rock: O músico e a Internet


De volta com "Pure Rock" aqui no Rock'N'Prosa. Digo logo, esse será a coluna mais "diferente" até agora. Não vamos homenagear grandes bandas, grandes ícones da música, mas sim, grandes músicos que estão longe da grande mídia, longe dos olhos da maioria das pessoas. O "Pure Rock" hoje vai homenagear os grandes músicos da nossa "Internet". 

Já disse inúmeras vezes que gosto muito de música, e não é à toa que tenho esse blog há quase 3 anos. Imagino que me divirto muito mais escrevendo do que os web-leitores lendo, mas a cada comentário que aparece  vejo que não estou só nessa minha diversão.

Como músico e fã, sempre procuro vídeos na internet de músicos fazendo covers de bandas clássicas. A primeira coisa que constatei é que o que diferencia quem estará no palco, se é a banda ou o músico da internet, são as oportunidades. Tem muita gente boa aí por esse mundo a fora, que não teve a oportunidade de tocar. Claro que sem a banda, não haveria a música. Mas, enfim, conheço versões da internet que superaram a versão original, justamente pela qualidade do músico.

#1 - Rob Kelledy - Mother Goose (Jethro Tull - Aqualung, 1973)
Começando por uma das minhas músicas favoritas do Jethro Tull. Mother Goose é uma composição muito bonita, e era muito fã da versão original, até escutar Rob Kelledy tocando ela.

#2 - Julia Nunes - All my Loving (The Beatles - With the Beatles, 1963)
Introduzindo o seu ukulele, Julia Nunes interpretou esse grande clássico dos Beatles de forma única. Pode-se dizer que o conceito de "carisma" foi inspirado nela, quando elaborado. Nada melhor do que uma das músicas mais "para cima" dos Beatles junto com essa interpretação para alegrar o dia.


#3 - Valerio Carbone - Fix You (Coldplay - X&Y, 2005)
Esse italiano foi um dos primeiros músicos que tive contato na internet. Chris Martin que perdoe, mas esse cara deveria cantar no Coldplay. Apesar de não ser minha banda favorita, gosto de algumas das composições deles. Eles conseguiram traduzir muito da essência da vida em canções.


#4 - Elisha Jordan - Think of Me (Andrew Webber - The Phantom of the Opera, 1986)
Ópera também é rock, então, pegando um barco para a minha ópera favorita de todos os tempos, O Fantasma da Ópera, me deparo com Elisha Jordan. Que voz, Elisha!! E detalhe, ela só canta por "diversão". Sua versatilidade ainda permitiu fazer a parte do "Raoul", na música.


#5 - Juan the Beast - Rainbow in the Dark (Dio - Holy Diver, 1983)
Para não dizerem que deixei o rock pesado de fora. Vamos terminar com esse colombiano que canta tão bem quanto o próprio Dio, brincadeira, nenhum ser humano vivo chegou a esse ponto ainda. O Juan fez inúmeros covers de clássicos do metal, inclusive, o meu favorito, fez uma versão da música The Misty Mountains Cold, trilha-sonora de O Hobbit (2012). Para brindar todos os músicos da internet, fiquem com esse grande clássico da música.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Somos todos Poetas: Terceira carta ao Vento


Terceira carta ao Vento

Meu caro amigo
Não sei porque ainda espero sua reposta
Passo horas preciosas aguardando em vão

Caro Vento
Por que tardas tanto?
Que bondade existe nessa espera?

Sei que são apenas palavras
Que não encontraram o caminho de volta
As vezes até perdidas
Antes mesmo de partirem

Vento, velho Vento
Hoje já não espero mais por ti
Tudo aquilo que restava
Acabou por ser carregado para longe

Velho amigo, Vento
Um dia tudo voltará
Eu sei
Enquanto na espera
Falta de ti sentirei

quinta-feira, 2 de maio de 2013

O espírito continua



Para início de conversa, eu nunca parei realmente para escutar o Dream Theater, mas, certo dia me deparei com The Spirit Carries On. A melodia, estilo balada progressiva, e sua excelente letra logo chamaram minha atenção. Isso abriu a discussão para coisas que acreditava na vida e que não observava no cotidiano.

O que vejo no dia-a-dia é que a falta de companheirismo reina entre as pessoas. Seja no transito, seja na rua, todos só se importam com seu próprio nariz. É raro ver um motorista ver que outro está em perigo e procurar ajudar, ver que um pedestre quer atravessar a rua e parar o seu veículo para tornar isso possível, e por aí vai.

Eu costumo dizer: "Não é porque o mundo é louco, que eu devo entrar nele". O melhor, é que no meio disso tudo, me deparo com um veículo que diz "Gentileza gera gentileza". É o sinal de que ainda existe esperança, e é aí que The Spirit Carries On entra.

Eu ainda prefiro acreditar que o mundo é um lugar tal como o descrito nessa música. Os bons são maioria. Não sei, é uma filosofia. Aquilo tudo que fazemos na nossa vida deixa a sua marca, e isso é o que fica na memória daqueles próximos. Não importa se formos embora amanhã, ou na próxima semana.

Isso tudo está interligado. Se fazemos algo ruim, essa energia volta pior para nós. Não quero aqui dar lição de moral nem julgar ninguém. Apenas tentar propagar essa filosofia.

Para concluir, fiquem com The Spirit Carries On do Dream Theater, e contemplem a letra (clique AQUI). Espero que gostem.