sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Somos todos Poetas: O Velho Guerreiro


O velho guerreiro


Você carrega todos os meus segredos
Contei tudo sem medo
Fazendo silêncio as vezes
Exalando música quando preciso
Som leve e pesado
Juntos na mesma vibração

Você presenciou o começo
Carrega os danos do tempo
Traz a alegria e a tristeza
Unidas em uma única melodia

Você interpretou grandes clássicos
Mesmo nunca tendo ido a um concerto
Talvez seja o que você tem de especial
Conseguir cantar sem nunca ter ouvido uma voz

Pena que você nunca vai ler isso
Mas, o sentimento é o que fica
Notas maiores ou notas menores
Com sétima ou diminutas
Não importa
Sua energia é sempre sentida
Pois você, velho guerreiro
Só pode ser uma criação divina

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Uma mente mais que feita


 Não é segredo para os amantes de música que um dos maiores nomes da atualidade é o Tedeschi Trucks Band. Banda formada por Susan Tedeschi e Derek Trucks. O primeiro álbum dessa super banda, Revelator (2011), serviu de trilha-sonora para diversos momentos dos tempos que se passaram. Logo em seguida, veio a versatilidade do ao vivo Everybody's Talkin' (2012). Após essas duas relíquias, não imaginava que mais estava por vir, até que foi anunciado o lançamento de mais um novo álbum.

A expectativa era tamanha pelos primeiros acordes do Made up Mind (2013), novo álbum do Tedeschi Trucks Band. E finalmente esse dia chegou. Comprei a minha edição em vinyl ainda na pré-venda, e já comecei de hoje o dia com um e-mail da banda na minha caixa, com o código para download do álbum.
capa do Made up Mind (2013).
O cabelo do braço já levanta nos primeiros acordes de Made up Mind, faixa-título e de abertura do álbum. Guitarra saturada, com uma pegada meio rock'n'roll, seguida do poder da voz de Susan. Pensei que o rock seria o elemento dominante, mas o velho TTB aparece no refrão, com backing vocals e metais, sem contar nos brilhantes solos com o slide, do Derek Trucks. Não poderia ter boas-vindas melhores para esse álbum. Do I Look Worried traz uma levada mais lenta, com um pouco de elementos do soul. Gostei do resultado.

A riqueza musical do Tedeschi Trucks Band é indiscutível, mas estava esperando onde as raízes Southern deles apareceriam. Idle Wind é a primeira a levantar essa bandeira, com um som meio "caipira", fazendo lembrar até o Mississipi Kid, do Lynyrd Skynyrd, no início. Misunderstood e o single, Part of Me, voltam a levantar o humor do álbum, com sua pegada mais agitada.
Derek Trucks e Susan Tedeschi.
A impressão que tive até agora é que o rock foi meio deixado de lado, para dar lugar ao soul e blues. Influência principal do ao vivo Everybody's Talkin' (2012). Mas, que bom que estava enganado. Guitarras distorcidas aparecem novamente em Whiskey Legs, com uma levada mais pesada. Impressionante como a voz de Susan combina bem com todos os estilos apresentados no álbum. O peso dá sequência a uma balada, It's so Heavy, no melhor estilo Until You Remember, do Revelator (2011), puro feeling, seguida da animada All That I Need.

O estilo da banda, definido como "blues", ainda não tinha sido deixado claro no álbum. Aliás, não gosto desses rótulos que colocam nas bandas. Enfim, desabafos à parte. O blues aparece forte and Sweet and Low, no melhor estilo B.B King, claro que com o vocal mágico de Susan. Sem contar na guitarra de Derek, que parece cantar junto com ela.

Se o humor estava meio baixo, logo o Tedeschi Trucks Band trata de levantar, com um rock'n'roll "riffado" de leve em The Storm, novamente trazendo o estilo Southern Rock para o álbum. Imaginei na mesma hora como deveria ser essa música ao vivo. Explosão pura. Para encerrar o Made up Mind (2013) vem a profunda Calling Out to You, contrastando com as boas-vindas energéticas.

O resultado final da audição foi o melhor possível. A banda mostrou que não sentou no sucesso do Revelator (2011), e produziu um álbum bem variado musicalmente. Tirando tudo o que os excelentes músicos da banda oferecem.

Para você que curte essa variação musical, pode escutar sem medo de ser feliz. Você não vai se arrepender.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Atravessando Abbey Road novamente


Um dos meus álbuns favoritos dos Beatles é o famoso Abbey Road (1969), que coincidentemente foi o último "gravado" por eles. Digo "gravado" porque o Let it Be (1970) foi gravado antes e lançado posteriormente a esse. No dia 26 de setembro de 1969, o mundo escutava os primeiros acordes de Come Together, seguida da indescritível, Something. Quem nunca viajou naqueles acordes? Por isso sou fã do George Harrison, suas poucas composições conseguem se sobressair em meio as Lennon/McCartney's.

Mas, por que estou falando de setembro se ainda estamos em agosto?

Pois bem, por volta das 11:30 do dia 8 de agosto de 1969, 44 anos atrás, os 4 Beatles atravessaram Abbey Road e fizeram história. A capa do Abbey Road (1969) é, por não dizer a mais, uma das mais famosas e reconhecíveis de toda a história. Milhares de pessoas repetiram a ação e atravessaram a rua, um dia ainda irei marcar presença lá.

Para comemorar o aniversário dessa foto/capa. Vou dedicar essa postagem aos elementos da capa do Abbey Road (1969). Vou tentar me lembrar de todos. E antes de mais nada, dedico essa postagem a Karlo Schneider, a quem devo pela transmissão desse conhecimento.

Para começar, o Abbey Road (1969) é o primeiro álbum a não contar com o "título", nem o nome "Beatles" na capa. Algo que o Pink Floyd adotou em seus álbuns. Até hoje não sei porque o "Dark Side of the Moon" se chama "Dark Side of the Moon", porque não tem escrito em canto nenhum do LP esse título.


Voltando à capa. Da direita para a esquerda temos John, Ringo, Paul e George. Desde a época do Sgt. Pepper's surgiu um boato de que Paul McCartney tinha morrido, e que aquele "Paul" que estava nas ruas era um sósia. Se abrirmos o encarte do Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (1967) vemos que em todas as fotos Paul está de costas, enquanto os outros Beatles estão de frente. Essa morte de Paul foi também trazida para o Abbey Road (1969).

Se você olhar bem, todos os Beatles estão com o pé esquerdo na frente do direito, enquanto somente Paul está com o direito na frente. O mesmo vale para o calçado, todos estão calçados e Paul está descalço. Isso na cultura hindu representa a morte. A roupa branca de John não tenho certeza se tem ligação com algum guru (uma espécie de padre), mas sei que Ringo está vestido de motorista do carro fúnebre. Para acabar de completar, no lado esquerdo da foto tem um Fusca ("Beetle" em inglês), com a placa LMW281F, que se atentarmos para o final "281F", teríamos algo como "28 IF" (ou "28 se", em inglês). O que isso quer dizer? À princípio, nada. Mas, Paul McCartney tinha 28 anos naquela época. Então seria algo como: "Se Paul estivesse vivo, teria 28 anos".


No lado direito da imagem, mais ao fundo, vemos um senhor. Bem, ele não representa nada, mas ficou eternizado na capa. O nome dele é Paul Cole, e estava na hora conversando com um policial, quando viu "4 malucos atravessando a rua". Só descobriu alguns anos depois que entrou para uma das fotos mais importantes da história.

Com relação ao álbum, não há o que discutir, é um dos meus favoritos dos Beatles, e continua sendo referência para muitos músicos mais de 40 anos depois do seu lançamento.

Para concluir, espero que tenham gostado dessa nova travessia por Abbey Road. E até a próxima.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Sem limites para a criatividade


Muitas vezes me pergunto se chegará um tempo onde não haverão mais novas músicas, novas bandas. Se chegará um dia onde a criatividade atingirá o seu limite, e nenhuma nota mais poderá ser harmonizada em uma canção, porque todas as possibilidades já foram testadas. Esse Apocalypse imagino que ainda está muito longe de chegar, porque quando acho que tudo está parando, eis que surgem novos nomes na música, novas canções.

Esse desafio à criatividade foi lançado pelo paulista Phillip Long. Natural de Araras/SP, Phillip Long tem 6 álbuns lançados na sua carreira, sendo que 4 deles foram lançados só no ano passado. Não escrevi errado. Ele lançou 4 álbuns em um único ano.

O som do Bob Dylan brasileiro mistura folk com um pouco de rock, resultando em composições mais que brilhantes. Dos seus álbuns lançados, gostaria de destacar dois: Sobre Estar Vivo (2012) e Caiçara (2012). Dois excelentes álbuns e muito distintos entre si.

O som do Sobre Estar Vivo (2012) é mais interior, remota mais à alma. Músicas profundas, inundadas de sentimento. Executadas somente com violão. Destaque para Ciclo Natural e Rapaz de Interior.

 
O Caiçara (2012), meu álbum favorito, traz uma sonoridade mais folk rock, contrastando com baladas melódicas também, incluindo mais guitarras nas composições. Músicas como Lion Heart, How Deep Does It Goes, Green House e Caiçara são puro feeling. Abrindo espaço para um rock leve em When the Thunder Hits the Ground e Love's Gonna Kill Us. A sonoridade geral faz lembrar muito o Bob Dylan, inclusive a sua voz.



Gosto sempre de dizer para sermos criativos, e eis mais um exemplo. Essa fonte que banha a nossa mente está muito longe de secar. Seja criativo. Pense, que as ideias surgem. Como a música está sempre em movimento, podem preparar mais páginas do seu livro, porque o Apocalypse vai demorar muito ainda para chegar.