segunda-feira, 23 de julho de 2012

A cultura se expande



Pedindo licença a todos os nossos web-leitores do Brasil, mas vou dedicar essa postagem ao estado do Rio Grande do Norte. Apesar de falar da minha cidade, essas impressões podem ser expandidas para todo o Brasil, visto que após observar as cenas de Florianópolis/SC e interior de São Paulo, vi que aquela utopia de que lá fora tudo é melhor, é apenas ilusão.

Os Centros Culturais são a melhor opção para observar novos sons e estilos musicais, principalmente na nossa região, que está dominada por apenas um tipo de cultura. Caminhando com dificuldade, mas mantendo-se em pé, os centros culturais estão ganhando mais espaço e expandindo a cultura no nosso estado.

O que chamo de expandir cultura não está relacionado apenas ao rock'n'roll, e sim a todos os estilos musicais menos favorecidos. O que acontece muitas vezes é que os próprios artistas precisam se "corromper" e tocar músicas que não são do seu agrado, por dinheiro, ou até mesmo em bares, tocando músicas de outros artistas mais "consagrados". Isso mata o trabalho autoral.

As bandas não se atrevem a compor porque temem que o retorno financeiro não seja alcançado, e é justamente nesse ponto que o Centro Cultural entra. Diferentemente dos outros estabelecimentos, os artistas com trabalho autoral possuem espaço, e somente eles, nos Centros Culturais. A referência disso no nosso estado é o DoSol, chefiado pelo grande Anderson Foca.

Há muitos anos trabalhos vêm sendo feitos para divulgar a cultura local, um exemplo disso é o Festival DoSol, que acontece todos os anos na Ribeira, em Natal/RN, e ultimamente, está acontecendo em Mossoró/RN também. Para mim foi a melhor oportunidade que já tive de conhecer novas bandas, conhecer novos estilos, fugir um pouco dos trabalhos que a mídia especializada nos fazem prestigiar.

Todo esse processo tendia a ser engolido pela sociedade, que muitas vezes é o instrumento maior de preconceito que barra a expansão da cultura, mas não, até ela passou a entender a importância disso e está ajudando. Isso proporciona o crescimento das bandas, a expansão das casas de show e o principal, o reconhecimento da cultura do seu estado. Por está mais ligado ao rock, até já comentei sobre as bandas locais em uma postagem (confira AQUI), mas bandas de MPB e Jazz também estão no mesmo balaio.

A estrutura da cultura alternativa ainda não alcançou o mesmo patamar das culturas já estabelecidas e apoiadas pela sociedade, mas tudo está caminhando para o melhor. O Centro Cultural DoSol, que funcionava apenas em Natal/RN, inaugurou na semana passada uma sede em Mossoró/RN, trazendo a banda potiguar Camarones Orquestra Guitarrística.

Apenas ontem tive tempo de ir contemplar a estrutura com o show das bandas Kataphero (RN) e Sodoma (PB). E que estrutura! Não precisamos de grandes palcos, grandes campos abertos, nada disso, apenas coloque um lugar confortável e com uma estrutura de som digna para tudo ficar bem. E foi essa a minha impressão do Centro Cultural DoSol Mossoró, um local que faltava nessa cidade. As bandas vão continuar vindo, sempre com uma banda potiguar a acompanhando, quando estas não são a atração principal.

Os desejos que ficam é que a cultura continue a expandir e que todos possam conferir as novas bandas, não só da nossa cidade, mas do nosso estado, e percam o preconceito.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Promoção Rock'N'Prosa 2 anos


No próximo mês o Rock'N'Prosa estará completando 2 anos de rock'n'roll. Para comemorar vamos fazer uma promoção para todos os nossos fãs. Para participar basta curtir a página oficial do Rock'N'Prosa no Facebook, clicar na aba "Promoções" e escolher a opção "Quero Participar".

Para comemorar os 2 anos vamos sortear dois prêmios:
1º prêmio: Camiseta Rock'N'Prosa + CD do Godhound
2º prêmio: CD do Godhound

O sorteio será realizado no dia 12/08 via Facebook, e os ganhadores serão avisados pela rede social. Os prêmios serão entregues em mãos ou enviados pelos Correios, se houver a necessidade, logo após a realização do sorteio.

Desde já, boa sorte a todos, e se tudo der certo, essa mais promoções serão realizadas ao longo do ano.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Resenha de shows: Viper (Natal/RN - 06/07/2012)



Ultimamente eu tenho começado as resenhas com uma indagação de espanto, de que algo que beirava o impossível estava prestes a acontecer. Essa de hoje não é diferente. Eu não era nem nascido quando o Viper lançou o seu álbum Soldiers of Sunrise (1987) e tinha 1 ano de idade quando lançou o Theatre of Fate (1989), dois grandes clássicos do heavy metal nacional.

Muito tempo se passou, e quando tive meu primeiro contato com o rock'n'roll, o Shaman estava lançando o Ritual (2003). Depois daí tive mais contato com o trabalho de André Matos, com o Angra, e posteriormente com o Viper. Essas duas verdadeiras coletâneas do Viper marcaram a história do heavy metal nacional, e foram justamente elas o tema dessa turnê do Viper. A formação clássica do Viper com André Matos (vocais), Pit Passarell (baixo), Felipe Machado (guitarra), Guilherme Martin (bateria), juntamente com Hugo Mariutti (guitarra), subtituindo Yves Passarell (que está atualmente no Capital Inicial), se reuniu para comemorar os 25 anos de banda.

A turnê To Live Again dá a oportunidade de que pessoas que nunca viram a banda, pudessem vê-la pela primeira vez, e de pessoas que cresceram escutando o Viper, prestigiassem novamente um show deles. Em 1988, Natal/RN foi uma das primeiras cidades fora de São Paulo/SP a receber o Viper, e 24 anos depois, a cidade voltou a receber a banda, fato enaltecido por André Matos durante o show.

Vamos agora às críticas. Um show desses, ainda mais pelo preço que foi cobrado dos ingressos, exige um local em perfeitas condições sonoras.  Um show de rock'n'roll não é um show qualquer. Outros estilos musicais não exigem tanto do equipamento quanto o rock'n'roll exige. O sistema sonoro precisa ter boa qualidade de graves e agudos, de forma a destacar o peso e os solos, além dos vocais. O que aconteceu foi que instalaram um sistema muito aquém do exigido pelo rock'n'roll, o que prejudicou o som das bandas.

Mesmo com a precariedade do som, os shows do Comando Etílico, Deadly Fate e Darkside conseguiram levantar o público, que diga-se de passagem, lotou o Cultura Clube. Ainda estou com alguns hematomas nas costas adquiridos no show do Darkside, que encerrou o show com Conquistadores, do Running Wild, e a clássica Fragments of Time.
(foto: Hudson MetallMilitia)
Já passava das 2 da manhã quando o Viper subiu no palco e iniciou a jornada pelo Soldiers of Sunrise (1987) com Knights of Destruction, cantada por todas as 500 pessoas presentes. O set-list não teve surpresas, Soldiers of Sunrise (1987) na íntegra na primeira parte do show, com destaque para Nightmares, Law of the Sword e a própria Soldiers of Sunrise. As constantes microfonias, devido aos agudos brilhantes de André Matos tiraram o brilho de algumas músicas, mas não tiraram a diversão do show. Além da música, a maioria das pessoas estavam ali para presenciar aquele momento histórico, a reunião de uma banda clássica, com músicos consagrados mundialmente, como é o caso de André Matos, e que não tocava junta há muito tempo. Esse foi o barato da noite.
(foto: Amarilis Melo)
Após a primeira parte do show, o telão instalado no Cultura Clube começou a transmitir um documentário sobre a história do Viper, e logo após Illusions começou a ser executada, introduzindo o Theatre of Fate (1989), segundo álbum do Viper e segunda parte do show. Mais uma vez, álbum executado na íntegra, com direito a To Live Again, Living for the Night e A Cry from the Edge. Um dos momentos mais marcantes do show foi quando André Matos tomou lugar no piano e iniciou a épica Moonlight, uma excelente composição. O segundo ato do show foi encerrado com Prelude to Oblivion.

Após uma pequena pausa, a banda volta para o bis e executa Rebel Maniac e encerra o show com We Will Rock You, do Queen. A noite foi muita cansativa, com a intensidade de todos os shows, mas foi muito recompensante. Foi um momento histórico, e isso é o que ficará na lembrança de todos. Espero que os shows continuem a vir para Natal/RN e que da próxima vez instalem um som adequado ao estilo, para não prejudicar o espetáculo. 

Apesar de tudo, o cenário está melhorando. Até o nosso próximo show.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

A Letra: Crazy Train (Ozzy Osbourne)


"A Letra" está de volta no Rock'N'Prosa. A nossa equipe de colaboradores sofreu uma baixa nos últimos tempos, mas vamos continuar os trabalhos. O espaço continua aberto para quem quiser participar. No mês passado foi realizada uma votação na fanpage oficial do Rock'N'Prosa no Facebook sobre qual música seria tema da próxima "A Letra". Entre os fortes concorrentes, a vencedora foi Crazy Train, do Ozzy Osbourne.

A primeira imagem que os leigos têm de Ozzy é que ele é um completo lunático e nada do que ele canta faz sentido. Pois bem, para você que pensa assim, você está muito enganado. Ozzy está entre meus letristas favoritos, apesar da fama de "drogado", ele sempre tem algo interessante para falar em suas músicas.

Crazy Train foi a primeira música de Ozzy que escutei e por incrível que pareça só parei para ler a letra um dia desses. O espanto foi tamanho que, dentre letras como Road to Nowhere ou Here for You, acabei por escolher essa que tinha tudo para ser uma das músicas mais "bestas" da carreira dele.

Ela foi originalmente gravada para o Blizzard of Ozz (1982), álbum de estréia de Ozzy em sua carreira-solo, e contou com a colaboração de Randy Rhoads, um dos melhores guitarristas que passaram por este mundo. O próprio Ozzy não esperava uma estréia tão boa, foi esse álbum que alavancou sua carreira-solo. Na versão remasterizada do álbum, Ozzy cita isso no encarte: "Se alguém me perguntasse nos anos 80 se esse álbum continuaria vendendo 25 anos depois, eu certamente diria que esta pessoa estaria enganada".

Mas, voltando para a letra. O que é que um "trem maluco" pode nos dizer? A primeira impressão que a música passa é essa. Quando paramos para ver a letra de Crazy Train, vemos que Ozzy decidiu colocar toda a sociedade dentro do mesmo trem e mostrar que esse é o motivo do mundo ser como ele é. O interessante é observar isso nos anos 80, e ver que hoje nada mudou.

Logo no início da música nos deparamos com a seguinte colocação: "Talvez não seja tarde para aprender como amar e esquecer o ódio". Uma coisa tão simples e complexa ao mesmo tempo, porque a simplicidade da ação contrasta com o mundo, com a dificuldade que as pessoas têm de praticar isso. Isso é que faz todos "saírem dos trilhos no trem maluco".

A letra ainda faz uma análise do conceito da "loucura". Quem é o louco de fato? As pessoas que estão vivendo na ilusão ou quem se revolta com ela? A música deixa isso no ar quando diz: "Louco, eu simplesmente não consigo suportar. Estou vivendo algo que simplesmente não é justo".

É impressionante como a letra ainda se encaixa nos dias de hoje. A completa manipulação da mídia na vida de todo mundo. Hoje isso está mais forte do que nunca em toda a programação da televisão, que molda a cabeça da sociedade, apontando o que é "certo" e o que é "errado".

Enfim, para você que não conhecia a música, fica mais uma dica do Rock'N'Prosa. Segue abaixo a versão traduzida de Crazy Train:


Trem Maluco

Louco, mas é assim que as coisas são
Milhões de pessoas vivendo como inimigas
Talvez não seja tarde demais
Para aprender a amar
E esquecer como odiar

Feridas mentais não tem cura
A vida é uma vergonha amarga
Estou saindo dos trilhos num trem maluco

Eu escutei os pregadores
Eu escutei os tolos
Eu vi quem abandonou os estudos
E faz suas próprias regras
Uma pessoa condicionada
A mandar e controlar
A mídia vende isto
E você vive o papel

Feridas mentais ainda gritam
Me deixando louco
Estou saindo dos trilhos num trem maluco

Sei que as coisas estão saindo erradas para mim
Você precisa escutar minhas palavras

Herdeiros de uma guerra fria
Foi o que nos tornamos
Herdando problemas
Estou mentalmente anestesiado
Louco, eu simplesmente não consigo suportar
Estou vivendo com algo
Que simplesmente não é justo

Feridas mentais não tem cura
Quem e o que culpar
Estou saindo dos trilhos num trem maluco

Bem, essa foi a nossa pequena análise de Crazy Train, o objetivo principal aqui é fazer você, web-leitor, também analisar a letra e apreciar a música.