quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Uma orquestra para ser aplaudida de pé


Há certo tempo fui apresentado a esse projeto e só agora tirei o tempo  necessário para escrever sobre eles. Não é fácil fazer música, os gastos não se estendem apenas ao lado criativo, mas sim ao lado financeiro. Não é fácil encontrar um instrumento e pior ainda, não é fácil encontrar uma pessoa com conhecimento necessário para colocar para frente qualquer projeto - seja uma simples iniciação em violão, ou até a composição de uma orquestra.

Falando em orquestra, sempre vi projetos direcionados para comunidades carentes de ensino a música, só que o direcionamento era para instrumentos de percussão e violão. No Paraguai, mais especificamente em Cateura - maior lixão de Assunção, capital do Paraguai - um visionário conseguiu transformar o que era lixo em instrumentos musicais, e melhor ainda, conseguiu montar uma orquestra inteiramente formada por esses "instrumentos" juntamente com as crianças da comunidade.
Orquestra de Instrumentos Reciclados de Cateura se apresentando na região de Cateura, Paraguai.
Achei esse projeto simplesmente fantástico, nunca tinha imaginado nada desse tipo antes. Só em proporcionar o contato com a música clássica, não afastando elas dos "funks do morro" necessariamente - se tivéssemos no Brasil - mas, dando uma oportunidade de enxergar a música no seu caráter mais amplo, que elas nunca teriam.
Violino feito a partir de materiais reciclados. Detalhe para a ponte (improvisada com um garfo) e o braço, feito a partir de madeira de cabo de vassoura.
Os professores Luiz Szaran e Flavio Chavez, conseguiram transformar latas de doce, sardinha e óleo, em violinos, violões, violoncelos e instrumentos de percussão. Montando assim, La Orquestra de Instrumentos Reciclados de Cateura.
Dave Mustaine e a Orquestra, durante os ensaios para apresentação junto com o Megadeth.
A orquestra já se apresentou no Brasil e nos EUA, chamando inclusive a atenção do sr. Dave Mustaine, um dos maiores ícones do metal. Eles foram convidados para se apresentar juntamente com o Megadeth em um dos shows da sua Gigantour, em Denver, nos Estados Unidos. A música escolhida não podia ser melhor, Symphony of Destruction. A orquestra destruiu todas as barreiras que impedem a propagação da música, e isso ficou eternizado na apresentação junto ao Megadeth.

Devemos adotar como lição o lema deles: "com todo o lixo do mundo, devemos produzir música".

Quem quiser saber mais sobre esse projeto, clique AQUI para ver o mini-documentário sobre a orquestra, vale a pena assistir. E para terminar com música, fiquem com esse momento mais que especial do Megadeth tocando junto com a Orquestra de Instrumentos Reciclados de Cateura:

domingo, 19 de janeiro de 2014

Um Angra novo, mas sem...



Vou começar logo dessa forma, deixando a colocação inacabada. Porque é o que está acontecendo, assim como a frase, está faltando um pedaço do Angra, que ainda não descobri o que é.

Finalmente peguei na semana passada o novo CD/DVD do Angra, Angels Cry 20th Anniversary Tour (2013), correndo um sério risco de estar infringindo a lei - assim como todo que está comprando esse produto em todo o mundo - mas, mesmo assim não deixei de conferir. Para quem não entendeu, há uma disputa por direitos autorais rolando na justiça o que impediu a continuação da fabricação do produto. O que isso quer dizer? Que se você é colecionador, corra logo para adquirir o seu, porque não há previsão da produção de um novo lote.

Os "angristas" xiitas vão me criticar, mas é a verdade. A máquina de fazer músicas de Kiko e Rafael para mim não é nada sem a voz do Andre Matos, até a fase Edu eu curtia, mas está muito diferente com o Fábio. Quero esperar para ver as músicas dele com o Angra - em um vindouro álbum -, mas as antigas simplesmente não funcionam. Como fã do Angra fui vê-los em Fortaleza/CE, show muito divertido, mas só quando encaramos o DVD, sentado no conforto de casa, é que vemos as "falhas". Não sei se estou motivado por ter visto as mesmas músicas cantadas por Andre Matos em um curto espaço de tempo, mas é o sentimento que ficou.
capa do DVD Angels Cry 20th Anniversary Tour (2013)
O que chama logo a atenção no show é que a energia do público não conseguiu ser captada. Isso mesmo, não adiantou os gritos de todo o público na HSBC Arena, você mal escuta ele, mesmo no último volume da televisão é complicado, o que é triste, porque o público sempre passou uma energia muito positiva nos shows. Outro fator que chama a atenção são os overdubs, Carry On me pareceu ser completamente dublada em estúdio e o áudio sobreposto no DVD, assistam e digam se estou errado. E não só ela, vários agudos e passagens mostram que foram "adicionados" em uma edição posterior ao show. Novamente digo, assistam e digam se estou errado.

Com relação à filmagem não tem o que contestar, simplesmente perfeita a edição e posicionamento das câmeras. As participações da Família Lima - executando Unfinished Allegro juntamente com o sample -, da Tarja Turunen, em uma versão fantástica de Stand Away, juntamente com o Uli Jon Roth em Wuthering Heights também e fechando tudo, do Amilcar - do Torture Squad - em Evil Warning, abrilhantam o show. Apesar da comemoração de 20 anos do Angels Cry (1993), o Angra não executou o álbum inteiramente, abrindo espaço para músicas do Temple of Shadows (2004), Rebirth (2002) e Aurora Consugers (2006). Clássicos, diga-se de passagem. Destaque para Late Redemption - só faltou o Milton Nascimento para fechar tudo - e Nova Era. Millenium Sun, imortalizada na voz de Edu Falaschi, ganhou uma atmosfera completamente nova. De todas as músicas do Angra, essa foi a que mais se adequou à voz de Fábio Lione, destaque também para o solo no violoncelo, executado pelo Moisés Lima. Silence and Distance, do Holy Land (1995), também ganhou novo ânimo. Apesar de só ter sido incluída no CD, não sei por qual motivo, dá para perceber toda a energia da música.
Fabio Lione e Rafael Bittencourt.
O melhor para mim, de todo o DVD, foi a faixa-bônus. Imagino que essa faixa só estará presente aqui na edição nacional, porque é justamente a execução de Coroa Imperial (aquela introdução de Unholy Wars) e de Caça e Caçador (versão em português de Hunters and Prey) por Kiko e Rafael, somente. Aquilo sim é uma aula de "voz e violão". Execução perfeita. Por falar em voz e violão, gostaria de destacar também nessa parte do show a execução de Reaching Horizons por Rafael, apenas no violão. Uma das primeiras composições do Angra. Foi uma pena eles terem deixado Make Believe de fora do DVD, é uma das minhas favoritas do Angra e foi executada no show.
Kiko Loureiro e Rafael Bittencourt durante o set acústico.
Para concluir, olhando para todo o conjunto, esse é o DVD que o Angra ainda não tinha no seu catálogo. A qualidade - para os fãs exigentes, como este aqui - poderia ser melhor, o Angra merece ainda mais. Não estou dizendo que está ruim, se você curte o som, pode comprar sem medo. Temos um pedaço da história do metal nacional nesse produto. Basta dizer que é Angra, ainda sem aquele espírito que eu estava esperando, mas continua sendo Angra e esse nome merece respeito em todo o mundo.

sábado, 11 de janeiro de 2014

Somos todos Poetas: Um minuto de silêncio


Um minuto de silêncio


Um minuto de silêncio
Por todos que ainda não enxergaram
A luz no seu imenso vazio

Um minuto de silêncio
Por todos aqueles que andam perdidos
Ainda sem encontrar o caminho da razão

Um minuto de silêncio
Para os que dizem que sabem de tudo
Mas, as cabeças ainda sentem a dor

Um minuto de silêncio
E mais quanto tempo se faça necessário
Para que o mundo aprenda a abrir os olhos
E a ignorância deixe de assolar

No seu minuto de silêncio
Baixe a cabeça
Ainda tem salvação
Somente no seu silêncio

domingo, 5 de janeiro de 2014

Pure Rock: Mossoró Rock City


Passei o ano de 2013 inteiro comentando e recomendando os álbuns lançados no cenário potiguar do rock, e não para valorizar o estado - ou melhor dizendo, a cidade -, e sim porque estão muito bem produzidos e merecem o selo Rock'N'Prosa de aprovação. Não lembro quando foi o último Pure Rock, mas nada melhor do que dedicar a próxima seção dessa coluna que é música pura, ao rock potiguar, e assim vamos nós, espero que gostem e conheçam novos sons.

#1 - GODHOUND - On the Road (God above...Hound on the Road, 2013)

Nada melhor do que começar pelo pessoal de casa. O Godhound foi formado em Natal, em 2010, e em 2013 pegou a estrada para Mossoró/RN, onde lançou esse ano o EP God above...Hound on the road (2013), sucessor do EP homônimo de 2012. As músicas trazem muita cerveja e poeira nos acordes, mantendo firme a bandeira do velho rock'n'roll, espécie em extinção nos dias de hoje. A turnê 2013 deles - ou nossa - passou por Fortaleza/CE, João Pessoa/PB e Santa Cruz/RN, é claro que sem deixar de lado Mossoró/RN e Natal/RN. Para 2014 a banda prepara o lançamento do seu primeiro álbum, ainda sem título definido.


#2 - MONSTER COYOTE - The Shepherd who saves the Wolf, Dooms his sheeps (The Shepherd who saves the wolf, 2013)

Uma verdadeira pedreira mossoroense. Com um álbum, The Howling (2012) e um EP, Stoner to the Boner (2010), no curriculum, o pesado Monster Coyote é o nome mais forte do rock mossoroense atualmente. A banda já realizou uma extensa turnê pelo Brasil, incluindo até datas em São Paulo/SP, e pela América do Sul. Eles acabaram de lançar seu primeiro vídeo, para a música inédita The Shepherd who saves the Wolf, gravado em pleno deserto mossoroense. A sonoridade deles é uma mistura do stoner com o metal pesado.


#3 - MAD GRINDER - Cracked Soul (Hitting Around, 2013)

Lançando mais um novo álbum está o Mad Grinder, do guerreiro Rafaum Costa. Depois do debut Smoke (2012), o Mad Grinder apresentou agora no final de 2013 o Hitting Around (2013). Trazendo composições mais complexas do que o antencessor, o Hitting Around (2013) pega tudo aquilo de grunge que existe dentro de nós e enterra mais profundo ainda no espírito do rock dentro de nós. O álbum abriu espaço para a banda excurcionar pela América do Sul. Ainda lembro da banda no seu antigo nome, Dead Pixel. O Godhound cruzou com eles em 2012, e acabei não vendo o show, porque estava me concentrando para subir no palco. Pude ver eles ao vivo em outras ocasiões e não decepcionaram, muita energia presente no palco, tanto quanto no álbum gravado.


#4 - BONES IN TRACTION - Rubber Bullet (Bones in Traction, 2014)

Meus novos irmãos ainda não gravaram o seu EP, mas a sonoridade está mais pesada e condensada do que nunca. Com um som pesado e sem muita frescura, o Bones in Traction vem preencher esse espaço que foi abandonado a certo tempo pelas bandas da nossa cidade, puro thrash metal anos 90. Agora no início de 2014 o seu primeiro EP será gravado, estou ansioso para ouvir. O Bones in Traction fez seu show debut na abertura para o Andre Matos, além de fazer parte do cast da edição mossoroense do Festival Dosol. Anotem esse nome, porque mais tarde volto a falar.


#5 - THE VELOCIRAPTORS - Messed Up My Mind (A New State of Mind, 2012)

Já que comecei com rock'n'roll, vou terminar com rock'n'roll também. Os já irmãos do Velociraptors seguram essa velha bandeira também. Com uma sonoridade mais puxada para o punk, o Velociraptors possui um EP, Wild Ambitions (2008) e um álbum, A New State of Mind (2012) no seu curriculum. Rock'n'roll leve e sem muita enrolação. O som lembra muito o Ramones, principal influência da banda. Agora no início de 2014 eles lançarão dois splits, sendo que um deles já  está disponível para audição no Bandcamp (acesse AQUI).


Bem, espero que tenham gostado e conhecido mais essas bandas. Pelo que você leu, deu para perceber que existe um trabalho muito grande das bandas de Mossoró/RN, e esse trabalho está levando as bandas por novas fronteiras. No próximo show, pode sair de casa e ir conferir esse rock'n'roll, tenho certeza que você não vai se arrepender.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

O velho que traz o novo


Para começar, já faz muito tempo que não posto nada e o blog esteve perto do fim. Mas, ainda não era chegada a sua hora. Dentre um afazer e outro, a gente nunca deixa de lado o rock'n'roll, e para marcar essa "volta" do Rock'N'Prosa, nada melhor do que falar de uma banda - que aliás, é uma das minhas favoritas - que esteve sempre vivendo no limite, por causa da troca constante de integrantes, mas se manteve firme durante todos esses anos, o Iced Earth.

Após escutar o seu mais novo álbum, Dystopia (2011), até a exaustão, ontem finalmente adquiri o meu Live in Ancient Kourion (2013), mais novo álbum ao vivo do Iced Earth. Passei a infância escutando o Alive in Athens (1999), em sua versão tripla e recheada de músicas. Os vocais de Barlow viraram referência para mim no Iced Earth. Depois veio a fase Tim Owens, um pouco diferente de tudo, mas não muito cativante. Após uma breve volta de Barlow no Festivals of the Wicked (2010), eis que é iniciada a fase Stu Block na banda.

Vocais poderosos e versáteis foram eternizados no álbum Dystopia (2011) e no vindouro Plagues of Babylon (2014), mas é claro, entre eles um álbum ao vivo fincou sua bandeira.
capa do Live in Ancient Kourion (2013).
Quando vi as fotos, na época do show, logo imaginei o melhor álbum ao vivo de todos os tempos. O Iced Earth gravaria seu próximo álbum ao vivo em um anfiteatro, na beira de uma praia, no litoral do Chipre. Local mais que perfeito. Veio o dia do show, palco montado e set-list de 3 horas em punhos, o Iced Earth deu o seu melhor...pena que a produção não.

Um local daqueles, como é o Ancient Kourion, merecia a melhor equipe de filmagens de todos os tempos trabalhando. Assistindo repetidas vezes - no YouTube, porque não tive coragem de comprar essa mídia - não conseguia pensar diferente. Toda aquela atmosfera do público, do set-list (que beira a perfeição, diga-se de passagem) e do local não conseguiram ser capturadas pelas câmeras. O resultado final foi que preferi "escutar" o show ao invés de assisti-lo, por isso, adquiri meu Live in Ancient Kourion (2013) na sua versão em CD duplo.

Viajando pelo show do Iced Earth no Ancient Kourion pude comprovar tudo aquilo que achava de Stu Block, é o vocalista certo para a banda. Não há o que discutir nas execuções de Dystopia, Anthem, V e Boiling Point. Mas, as composições antigas do Iced Earth - tanto da fase Barlow como da fase Tim Owens - ganharam uma nova "roupagem". When The Night Falls e Melancholy ganharam nova vida, além de Ten Thousand Strong, executada no "padrão Owens". Para não dizer que tudo foi perfeito, uma das minhas músicas favoritas, Burning Times, simplesmente não encaixou com sua voz. É uma pena dizer isso, mas prefiro tirá-la do set ao deixar do jeito que está. O mesmo aconteceu com Declaration Day, uma música da fase Owens, mas que se encaixava perfeitamente na voz de Barlow (aliás, ela foi composta originalmente para voz dele, para quem lembra).
Iced Earth no Ancient Kourion (da esquerda para a direita): Jon Schaffer, Brent Smedley, Stu Block, Luke Appleton e Troy Seele.
Outro destaque desse novo álbum ao vivo é a completa mudança no set-list. Para quem é acostumado com o Iron Maiden, que quase sempre executa as mesmas músicas em seus álbuns ao vivo, esse novo do Iced Earth é uma tapa da cara. Nada de clássicos eternos como Violate, Travel in Stygian e Dark Saga, temos músicas que foram pouco executadas na carreira deles como Angels Holocaust, Wolf, Slave to the Dark e Damien. Gostei muito dessa atitude do Jon Schaffer, porque até então o Iced Earth estava caminhando para o lado "Iron Maiden", mantendo a rigidez do set-list com clássicos e mudando pouca coisa entre uma turnê e outra.

Voltando ao álbum. Dessa vez, o CD me proporcionou um estado de presença no show muito maior do que o DVD. Pude sentir cada nota, cada vibração do público, ou seja, tudo aquilo que estava esperando do Live in Ancient Kourion (2013) desde o dia em que o show foi realizado. Foi até meio nostálgico, porque pude voltar àquela época onde escutávamos o CD e vivíamos o show, algo que estava perdido nos dias de hoje, por causa da imensa quantidade de shows filmados e lançados em DVD.

É isso, pessoal, vamos continuar o rock'n'roll agora em 2014, rumo ao 4º ano de atividade no blog. Até a próxima, e para terminar com música, confiram o vídeo de Dystopia, extraído do DVD Live in Ancient Kourion (2013), apesar de tudo que foi dito, vale a pena conferir.