quinta-feira, 18 de julho de 2013

Vivendo com a sua música


Sempre ouvimos que devemos ser fiéis ao que somos durante toda a vida. Eu prefiro encarar isso como uma música. Devemos tocar a nossa música em todos os momentos possíveis da vida. Claro que vamos variar a melodia, mas não mudando o timbre, se é que me entendem. E falando em música, é que vamos continuar esses relatos.

Um dos músicos contemporâneos mais em evidência hoje em dia é o Steven Wilson. Com uma carreira de muitos anos como produtor musical, ele está finalmente desenvolvendo suas brincadeiras com todo o dinheiro que ganhou nos seus anos de trabalho. Quando digo "brincar" com a música, estou me referindo a compor sem medo de agradar "A" ou "B". Fazer um álbum que te agrade primeiro.
Steven Wilson.
A primeira brincadeira do Steven Wilson é uma das minhas bandas favoritas, o Porcupine Tree. Os caras nunca tocaram no Brasil, não possuem álbuns lançados no Brasil, mas isso não impediu de possuir alguns títulos na minha coleção. O "novo Pink Floyd", como gosto de chamar, mistura peso e melodias suaves, o que originou grandes álbuns durante toda a carreira da banda, dos quais cito o Fear of a Blank Planet (2007), In Absentia (2002), Lightbulb Sun (2000) e Signify (1996). A banda ainda gravou dois DVD's: Arriving Somewhere...but not Here e Anesthetize. Sem contar ainda no recém-lançado álbum ao vivo Octane Twisted (2012). Não me canso de escutar a banda, e a considero como o maior nome do rock progressivo da atualidade. Correndo ao lado de bandas como Rush e o próprio Pink Floyd.
Porcupine Tree no Royal Albert Hall.
Mas, como a música é sempre constante, é chegada a hora de dar uma pausa. Conhecendo Steven Wilson, ele não é de acabar certo projeto, mas é de inventar novos projetos. Com isso, após uma parada nas atividades do Porcupine Tree, eis que ele surge com a sua nova banda solo, Steven Wilson.

A banda lançou 3 álbuns, o que inclui o novo The Raven that Refused to Sing...and Other Stories (2013), o qual espero ansiosamente para escutar e ter na minha coleção. Com relação a isso tem um bom trabalho da Burning Shed junto com o pessoal da gravadora KScope, que estão se especializando na venda e gravação de produtos relacionados aos novos nomes do rock progressivo. Não parei para escutar, mas existe um trabalho muito bem aceito dos italianos do No-Man e do próprio Blackfield, outro projeto do Steven Wilson.

Voltando ao projeto Steven Wilson, a linha da nova banda ainda é o progressivo, só que os horizontes foram mais expandidos em relação ao Porcupine Tree. Além dos pianos e sintetizadores, presentes no Porcupine Tree também, Steven Wilson inclui flautas e mais instrumentos "exóticos" em suas músicas. É claro que o som faz lembrar um pouco o Porcupine Tree, mas a sua banda solo tem uma atmosfera diferente, foi essa a impressão que eu tive ao escutar composições como Harmony Korine e The Raven that Refused to Sing.



Ao contrário do Porcupine, Steven Wilson já veio duas vezes ao Brasil, a última inclusive no dia 20 de maio. Merecia eu ter comparecido, eu sei. Mas, ficam os desejos por uma passagem pelo Nordeste, talvez no Teatro Riachuelo, é sonhar demais?

Como qualquer "trabalhador", você poder viver do que gosta é algo muito gratificante. Como o jornalista ou professor, que gosta de pesquisa, que gosta da própria aula. Você escolhe o seu caminho e procura tirar dele o melhor. Essa sensação é a mesma, como compositor, de compor e tocar músicas que você gosta mesmo, e não que foi influenciado por dinheiro ou fama. Devemos viver com o que gostamos, e não fingindo ser uma outra pessoa.

Como fã de rock progressivo, peço que anotem esse nome. Vocês ainda ouvirão falar dele muito. E para quem se interessou em conferir o seu som, pode ir sem medo, só tome cuidado para não ficar viciado, como este que vos escreve.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

A agulha sem a colher


Me perdi no meio desse som, uma tremenda viagem pelo mundo que estava ali me esperando desde que embarquei nesse navio da música. Desde que comecei minha coleção, mantive aceso o desejo por ter LP's, mas a oportunidade nunca tinha aparecido. Escutar os primeiros acordes de Rainbow Eyes saindo por aqueles auto-falantes, mesmo que sem potência, causou uma mistura de sentimentos, desde emoção até euforia, quando as primeiras flautas começaram a soar. Já imaginava que veria os olhos do arco-íris quando escutasse o LP Long Live Rock'n'Roll, mas não imaginava que esses olhos teriam algum feitiço. Olhos que te chamam para o inesperado.

Não é simplesmente apertar um botão, quando temos MP3 ou até no CD, onde selecionamos a faixa por um controle remoto. Temos que posicionar a agulha na exata faixa, ajustar a rotação da vitrola, e sem a necessidade de uma colher, temos uma overdose das melhores de música. É uma experiência única, e diferente de tudo que tinha vivido nesses 10 anos de coleção.

Seja escutando os vocais de Stargazer, os relógios de Time, o canto gregoriano de Infestissumam, os solos de Infinite Dreams. A paz que aquela agulha, subindo e descendo, traz para o espírito é incalculável. Já me peguei apenas observando isso, em certo momento, sem ter noção de qual música estava saindo exatamente pelos auto-falantes.

Respire música, viva a música.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Conseguiremos chegar aos 100 anos?


Em uma conversa muito boa e recente, me lançaram uma ideia e acabei por ficar pensando um pouco sobre tudo: "Com a vida que tenho hoje, conseguiria viver 100 anos?".

Parei, pensei, pensei novamente, refleti, ponderei, pensei mais uma vez, e eis que saiu a resposta.

Para começar, você precisa ter certeza que quer chegar aos 100 anos, que não vai parar pelo meio do caminho. Isso é meio que óbvio, mas é a filosofia. A mesma força que te faz sair de casa em um sábado à noite, quando está chovendo, deve ser a mesma que te impulsiona a viver cada dia de sua vida. É difícil, eu sei. Aparecem muitos obstáculos, e não são pequenos. Você é rejeitado, ignorado, erra feio em algo. Mas, isso não é tudo. Um dia você encontra um disco, escuta a sua música favorita. Essa energia que estava dentro de você nunca saiu e nunca sairá. Ela te acompanha até os 100 anos.

Agora, pare novamente e se pergunte: "Quero viver até os 100 anos?".

Os médicos dizem que devemos comer bem e dormir bem para ter uma vida longa. Eles que me perdoem, mas digo que não. Temos é que tentar ser felizes para ter uma vida longa. É tomar banho de chuva no meio de um show de rock, é se esbaldar (sem exagero) na sua comida favorita, é virar um litro de cerveja enquanto ouve o AC/DC.

É claro que tudo é relativo, mas não estou olhando pelo lado "saudável" para o corpo e sim para o espírito. Se o nosso espírito estiver forte, nossa vida prossegue. Olho em volta e vejo muita gente que finge ser feliz, mas realmente só faz tudo para agradar um ou outro. Você tem que agradar primeiramente a você mesmo. Escutar música se quiser, deixar a barba crescer se quiser, e não ficar sendo influenciado por propagandas de televisão ou afins.

Isso é saúde, e com saúde chegamos aos 100 anos. Hoje não tenho tudo aquilo que queria, em todos os planos. Mas, isso não é motivo para ser infeliz. Aumente o seu som, ponha os óculos e siga em frente. Os 100 anos nos esperam. E se você também quiser chegar lá, pode embarcar nesse trem sem medo.