quinta-feira, 14 de julho de 2011

Sou colecionador: Os Bootlegs

Quem dera essa fosse a minha coleção, mas não é, é só para ilustrar.
 A coluna "Sou colecionador" está pouco movimentada, a idéia original de fazer entrevistas não vigorou muito. Então, decidi acrescentar a ela algumas curiosidades sobre o mundo das coleções, um pouco de saudosismo também. De qualquer forma, espero que gostem.

A maioria das pessoas define o "bootleg" como sendo um produto pirata qualquer de uma determinada banda, mas para mim ele é algo mais que isso. Pirata é pirata e bootleg é bootleg. Não sei se estou errado, por favor me corrigam, mas o bootleg é um produto não-oficial, ou seja, ele não existe originalmente no catálogo da banda em questão, diferente de um produto pirata, que é uma cópia de um produto do catálogo original da banda.

Enfim, o motivo que me leva a escrever sobre isso é que ontem me lembrei de como eram os bootlegs na época em que comecei a escutar rock'n'roll. Felizmente ainda peguei a fase antiga, antes que a internet viesse e infectasse todo mundo.

Para início de conversa, um bootleg é, em quase na totalidade dos casos, um show da banda gravado de forma amadora, seja em audio ou em vídeo. Particularmente gosto mais dos bootlegs em vídeo, porque você pode observar a banda sempre mais à vontade do que nos DVD's.

No início dos anos 2000, a banda larga da internet ainda não tinha atingido todos os cantos do Brasil, o que fazia com que os bootlegs se propagassem da maneira antiga, ou seja, de mãos em mãos. Ainda cheguei a pegar alguns em VHS, e ainda os tenho. A magia do bootleg é a sua raridade, poucas pessoas o tem, e o melhor é a troca. Por exemplo, eu tenho um show do Iron Maiden filmado em Londres, e uma outra pessoa tem um show do Pink Floyd em Roma, como colecionadores, nós podemos copiar nossos bootlegs e trocar. Essa era a magia de antigamente, porque a única forma de ter mais bootlegs era essa, tudo era analógico, não digital.

Com as músicas em audio era até mais interessante, mas isso eu não cheguei a fazer, não sou muito velho. Antes das músicas em MP3 dominarem tudo, muito disso devido ao Napster, as músicas eram trocadas entre os fãs em fitas K7. Como funcionava tudo? Algumas rádios independentes incluiam rock'n'roll em sua programação, então, armado de um gravador e uma fita o fã gravava aquela música. Quando outras pessoas gostavam, copiavam aquela música para suas próprias fitas K7, e assim a música se espalhava. O interessante é que muitas vezes, as bandas que tocavam nas rádios não tinham CD's lançados no Brasil (ou em outros países) ainda. Isso aconteceu com o Scorpions nos anos 80, quando a União Soviética não era aberta a bandas de rock, na ocasião de um show deles lá, muitos dos fãs conheciam as músicas por causa das fitas K7 passadas de mão em mão.

Ainda vivenciei o período de ligação entre essa fase e a nova fase da música, os downloads. Hoje, podemos baixar um álbum inteiro em poucos minutos. Mas, ainda vivi o tempo em que levávamos horas para baixar uma única música, isso ainda proporcionava as trocas entre fãs, através de CD's. Ainda tenho guardado alguns CD's, do início, com falhas em algumas músicas de tanto eu escutá-las.

Hoje, com a internet banda larga dominando todos os cantos do mundo, isso meio que acabou. O mundo é hoje digital, até os vídeos são digitais, os velhos VHS quase que não existem mais. E isso facilita a disseminação de tudo pela internet, eu mesmo, hoje, posso adquirir diversos bootlegs sem sair de casa, através de downloads. O lado bom é que podemos ter mais bootlegs, mas eles não possuem o mesmo valor de antigamente, onde eram quase que como um troféu para a coleção.

De qualquer modo, o bom de ter vivido aquela época é poder olhar para o mundo hoje e ver como tudo era no começo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário