segunda-feira, 24 de junho de 2013

A Música Invisível


Sempre que posso, gosto de escrever sobre as produções artísticas do meu estado. Essa foi até uma forma que achei de olhar com mais atenção para os trabalhos que são feitos aqui, coisa que não fazia antes. Conheci recentemente o Talma & Gadelha, Velociraptors, Monster Coyote, Mad Grinder, só para citar alguns. Em uma das minhas idas ao Festival DoSol, me deparei com o Camarones Orquestra Guitarrística. Neste último fim de semana, finalmente consegui ver eles em Mossoró/RN, e não decepcionaram. Na oportunidade adquiri o seu mais novo trabalho, O Curioso Caso da Música Invisível (2013), e sobre ele é que vou falar agora. 

O que me intrigou logo de cara foi o nome do álbum: que danado de música invisível é essa?

Enquanto gravava com o Godhound no início de junho, em um dos momentos de devaneio, peguei um livro que estava na mesa ali do estúdio e acabei me deparando com essa tal da música invisível. Um texto muito interessante, que aproveito e recomendo a leitura, caso algum dia o encontrem. Acabei me esquecendo de anotar o autor do livro, mas, enfim, não vamos fugir do assunto.
capa do Curioso Caso da Música Invisível (2013).
Cheguei a escutar o Espionagem Industrial (2011) assim que foi lançado, ainda estava em Florianópolis/SC na época. Apesar de ser um bom álbum, O Curioso Caso da Música Invisível (2013) está acima dele, para mim.

Logo de cara quando escutei gostei da maior inclusão dos sintetizadores nas músicas, como apresentado em Trintão. A variação nos estilos está bastante presente, desde a levada meio polka de Gloom, passando pelo soul de Pigmalião chegando ao surf music de Corra Bátima. As roqueiras alternativas Flecha Ligeira e O Sapo dão continuidade ao álbum, trazendo mais diversidade ainda, me fazendo lembrar um pouco do Concrete Blonde. A "Monster Coyote" Caça ao Lobisomem, minha favorita do álbum, levanta a bandeira do rock pesado, para não dizer do metal, em uma verdadeira pedreira. Bravo Xerife Bonzo diminui um pouco a velocidade do álbum, misturando peso com uma levada funk, seguida de Tony Silverado, o que me fez lembrar do Silverados, excelente banda do Uruguai que tocou ano passado no Festival DoSol. Em seguida vem Tudo Errado, que de "errado" não tem nada. Melodia mais puxada para o metal, fazendo até lembrar um pouco dos riffs do Zakk Wylde, na época do No More Tears (1991), do Ozzy Osbourne, peso em uma boa dose. A polka-ska-reggae Cabron encerra o álbum. Chamando a atenção para os metais, que estiveram presentes em todo o álbum, mas que ganharam um destaque maior nessa música, contrastando com o peso da guitarra e dos solos.

O maior destaque do álbum é a diversidade nos estilos. O que acho melhor é que bandas como o Camarones enriquecem a cultura do nosso estado e levam o nome do RN para o Brasil inteiro. Hoje o RN é celeiro de excelentes bandas, e isso está começando a ser visto pelo resto do país. Para quem quiser conferir o som do Camarones Orquestra Guitarrística, baixe esse e os outros álbuns no site deles (clique AQUI).

E se um dia você se deparar com a música invisível, pare e contemple, que vale muito a pena.

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