Faz muito, muuuuito tempo mesmo que estou devendo esse resenha aqui no blog. Dívida mesmo, sei que não ganhei (nem ganho) nada com o blog, nem cobro por isso. Nunca ganhei um CD de presente para ser resenhado, etc, mas, faço tudo porque gosto mesmo, nunca vou exigir isso de ninguém.
Ainda era 2011, quando subindo no palco pela primeira vez com o Godhound, enquanto estava nervoso pensando no show, uma banda chamada Dead Pixel estava tocando um grunge no palco do Dosol, em Natal/RN, terminando o show, as figuras descem do palco e dizem: "Botem para descer lá, galera!".
Naquele dia, a banda formada por Rafaum Costa e Thassio Martins -- não lembro se Andola estava na bateria na época -- estava fazendo um show pela primeira vez com o nome de Mad Grinder, fato que eles enalteceram lá no show. Continuei esbarrando com o Mad Grinder nos rock'n'roll's dos domingos em Mossoró/RN, no Carcará, ou nos sábados no Centro Cultural DoSol Mossoró -- o contato com o som da banda foi só aumentando.
Mad Grinder (da esquerda para a direita): Andola Costa, Rafaum Costa e Thassio Martins. |
Não sou um grande fã de grunge, nunca fui muito do lado "Nirvana" (fui para o lado "Iron Maiden" na época), mas aprendi a respeitar e melhor, curtir o som do Mad Grinder. A banda pareceu querer ensinar isso quando lançou em 2013 o EP Smoke (2013). O EP traz uma sonoridade "crua", comparado com o que vinha depois -- mas, esqueci de adicionar o "instigante" à descrição --, como a clássica (dêem-me licença para considerar essa música assim, porque realmente o é) Black Sunday. O agudo do refrão é algo que levanta o cabelo do braço, e ao vivo, é melhor ainda do que no CD. Ela é uma música que sempre gosto de escutar, e aponto -- já no primeiro trabalho -- como um dos pontos mais altos da carreira do Mad Grinder. Outro destaque é a sempre presente nos shows, Billy, foi um encerramento para o EP à altura. De todos os trabalhos deles até agora, esse EP foi o que mais escutei, e tenho orgulho de ter minha versão autografada por Rafaum, é algo que guardo na coleção.
capa do Hitting Around (2013), arte de Sabrina Bezerra. |
Ainda em 2013, agora mais perto do fim do ano, o Mad Grinder lança outro álbum, agora um álbum de inéditas. Na verdade, o Smoke (2013) foi gravado em 2012, mas só lançado em 2013, as músicas eram mais que conhecidas de todos, que iam aos shows desde 2011. Entretanto, com Hitting Around (2013), o Mad Grinder nos apresentou uma sonoridade diferente, um som amadurecido pelos shows em 2012/2013. A emblemática I'm Fine, outra de minhas favoritas, abre esse novo álbum, continuando com Hitting Around, outra sempre presente nos shows. O riff de Hitting Around fica grudado na sua cabeça e o refrão, onde Thassio e Rafaum cantam juntos, ficou muito bom. Um dos pontos que mais gosto do Mad Grinder, e tento trazer isso para meus projetos também, é a alternância nos vocais. Thassio possui um vocal mais "Kurt Cobain" e Rafaum tem uma voz mais limpa, mas, que fica rasgada quando preciso. O entrosamento do power trio é indiscutível, o show é bastante centrado, sem lacunas. Continuando no álbum, a sombria Mr. Doom encerra de maneira pesada (está pensando que grunge não tem peso? Estou dizendo isso para mim mesmo). Gostei muito do riff dessa música, com um pouco de notas dissonantes aliadas a um vocal rasgado e agudo. O ponto principal de Hitting Around (2013), para mim, é a complexidade da parte instrumental. O que o antecessor tinha de "cru" -- no sentindo de ser direto ao ponto, gerando músicas fáceis de ouvir -- esse novo tem de complexo. As músicas ganharam meio que um ar "prog", por assim dizer, o que -- na minha opinião -- enriqueceu e muito o som do Mad Grinder.
capa do Cold Tombstone (2014). |
Essa riqueza no som foi trazida para o Cold Tombstone (2014), EP lançado em 2014 e trabalho mais recente do Mad Grinder. Devido aos caminhos da vida, acabei perdendo um pouco do contato com toda a cena do rock, isso também é resultado do fechamento do DoSol Mossoró. Depois de todo o ano, acabei tendo contato novamente com eles no Festival DoSol 2014, onde adquiri a minha versão do EP. Logo de cara, percebi um tratamento totalmente diferente da produção, com a introdução de novos efeitos nas músicas, resultado da experiência que eles foram adquirindo -- fizeram até turnê nacional e pela América do Sul nesse período. Tudo isso que falei está retratado em Old Tales, meio que mistura o Mad Grinder "cru" do Smoke (2013), com o moderno "prog" do Hitting Around (2013), foi muito bom o resultado. O EP ainda traz a nova "Black Sunday", a já -- para mim -- clássica, Jr. A primeira vez que escutei ela foi no show do Festival DoSol, e lembro que assim que entrei no carro, saí procurando ela no CD, para escutar novamente (na época não sabia o nome da música). A música traz uma introdução poderosa, com um riff marcante, com toda aquela atmosfera grunge (novamente digo, não tenho autoridade no assunto, pode ser que esteja comentendo algum deslize). O vocal de Thassio abre a música, começando grave e depois indo para o agudo, enquanto mantém a mesma base -- sou muito fã dessa técnica -- chegando, logo em seguida, no também marcante, refrão. Ela não tem o agudo de Black Sunday, mas o é refrão forte. Novamente digo, é um forte candidato a clássico. O EP ainda traz a quase-acústica Killing my Ghosts, que inclui uns efeitos um pouco distorcidos, gostei do trabalho que foi feito com a bateria, deixando o som bem de fundo, meio que abafado (com volume reduzido). Encerrando esse trabalho, temos a sombria Something More, dizendo que -- com perdão para o trocadilho -- vem mais por aí.
A banda está ainda na ativa e novos trabalhos virão, com certeza. A expectativa é que próximo ano eles lancem um álbum, já que tivemos um EP esse ano -- Rafaum tinha me dito há certo tempo que tentariam manter esse ritmo. Vamos torcer para que continue. O que gosto de ver diversos trabalhos assim é ver o amadurecimento da banda entre um trabalho e outro, isso é o que gera a expectativa por um próximo álbum.
Então, web-leitor, você que chegou até aqui nessa dica misturada com resenha de toda a discografia do Mad Grinder, só me resta dizer: Para de ler e...Escute esse negócio!!