Dia 21 de abril de 2012, um dia para ficar marcado na história da música do mundo, um dia para ser lembrado para sempre nas canções dos bardos ao longo de todas as eras, sempre que um canto possa ser ecoado pela voz humana.
Se alguém me perguntasse há 2 anos atrás se eu algum dia imaginaria assistir duas vezes um dos meus músicos favoritos de todos os tempos, certamente diria que não, porque essa realidade estava muito longe. Mas, eis que a história pregou suas peças e me trouxe para assistir Paul McCartney mais uma vez.
Tudo começou, mais uma vez, com os boatos das possíveis apresentações de Paul em Recife/PE, Florianópolis/SC e Brasília/DF, só que somente as duas primeiras foram confirmadas. O que achei diferente logo de cara, desse show em relação ao do Rio de Janeiro (se quiser saber como foi, confira AQUI), foi a corrida pelo ingresso. Nada de cartão de crédito Bradesco e afins, nada de pré-venda, todos eram iguais. Sem dificuldades comprei meu ingresso para a arquibancada superior do estádio Arruda, lugar escolhido a dedo para essa apresentação, e não podia ser melhor.
Montagem do palco no estádio Arruda. |
Após isso, só nos restava esperar para que o dia 21 de abril chegasse até nós, e ele não demorou. Perdi o toque do despertador, que esse ano tinha escolhido para ser Here Comes the Sun, mas acordei a tempo de pegar o ônibus às 09:00 de Natal/RN rumo a Recife/PE. O especial dessa viagem foram as companhias, pela primeira vez estava viajando com todos meus amigos de infância para assistir um grande show, ou nas palavras do grande Karlo Schneider: "O dia em que 5 discípulos de Roberto Bruce Lee se reuniram para assistir Sir Paul McCartney". Você pode não está entendo isso, mas significou muito para todos nós no momento, foi especial.
Enfim, depois de algumas horas de estrada, regadas a Paul McCartney, Beatles e conversas no ônibus (e diga-se de passagem, acabei por encontrar um ex-síndico do meu prédio indo no mesmo ônibus para o show também), finalmente chegamos à Recife/PE e ao estádio do Arruda, ou "Gigante do Arruda", como justamente chamam esse estádio.
Agora vem o melhor, se eu comecei dizendo que não esperava assistir 2 shows de Paul nesses últimos tempos, muito menos esperava cruzar com ele em algum momento da minha vida. Pois bem, chegamos no estádio por volta das 17:00 e fomos caminhando para o fim da fila kilométrica que dava acesso à arquibancada superior. Assim que chegamos no final da fila (encostados numa grade), surge o som de sirenes e um veículo apareceu por trás delas, com um tempo, o veículo passa a 2 passos de onde estávamos e um senhor estava acenando em nossa direção, era o velho Macca em pessoa. Isso já fez valer o ingresso para mim, o grupo que estava lá comigo também não acreditou, um verdadeiro brinde a todos nós.
Na fila do show. Paul McCartney entrou por esse portão na esquerda. |
Após a abertura dos portões, entramos no estádio e guardamos nossos lugares. Enquanto se espera por um show desses, assunto é o que não falta, e me lembro até que acabei escutando The light that has lighted the world, de George Harrison.
Novamente aquele DJ americano abriu o show, e novamente não prestei atenção. Por volta das 21:00 a apresentação acaba e os telões são ligados. Após 30 minutos de fotos e músicas da carreira-solo de Paul e dos Beatles, às 21:30, pontualmente, Paul McCartney sobe ao palco para contemplação dos 50.000 presentes. O interessante sobre um show desses é que o público não se resume ao Nordeste, encontrei gente de Niteroi/RJ na fila, e isso é só uma parte, com certeza tinha gente de todo o Brasil em Recife/PE.
50.000 pessoas dentro do Arruda esperando o início do show de Paul McCartney. |
Com o início do show veio a minha "apreensão". Desde o ano passado falava em ver Magical Mystery Tour ao vivo, e com o início do show veio a expectativa. Mas, Paul não desapontou e começou o show com ela, e continuou com Junior's Farm, do Wings e All my Loving, dos Beatles. Acho que perdi minha voz logo em Jet, mas não deixei de cantar Got to Get You Into my Life também. Em Sing the Changes parei para tirar umas fotos, mas o show continuou com The Night Before, dos Beatles, música que nunca tinha visto ser executado ao vivo e que Paul incluiu nessa On the Run tour.
Novamente Paul se esforçou para falar o máximo de português possível, como faz em todos os seus shows no Brasil. Depois de um tímido "Boa noite, Recife" e "Olá, pernambucanos", Paul surpreende e manda um "Povo arretado", para alegria de todos os Nordestinos presentes. O show continuou com as sempre presentes Let me Roll It (seguida de Foxy Lady, do Jimmi Hendrix), Paperback Writer e The Long and Winding Road. Ainda vieram Nineteen Hundred and Eighty-Five, dos Wings, e My Valentine, do novo álbum do Paul McCartney, Kisses on the Botton (2012).
Agora, parem as máquinas!! Se tinha uma música que valeria a pena toda a viagem e todo o esforço, seria Maybe I'm Amazed, e foi tudo aquilo que eu achava e mais um pouco, acho que Linda McCartney deve se orgulhar, onde quer que ela esteja, toda vez que Paul executa essa música.
Depois de começar no baixo, ir para o piano, Paul volta para o violão e executa mais uma surpresa, Things We Say Today, do álbum A Hard Day's Night (1964), dos Beatles, seguida de And I Love Her, do mesmo álbum. Depois, ainda no violão, ele executou Blackbird e Here Today, seguida de Dance Tonight, com direito a coreografia do baterista Abe Jr. Depois veio simplesmente, a agora clássica da cerveja, Mrs. Vandelbilt, do Wings, seguida de Eleanor Rigby. Um show desses possui tantos clássicos que você tem que escolher um para se sentar e salvar um pouco de energia, essa música acabou sendo Eleanor Rigby.
Paul McCartney no palco. |
E quem disse que os momentos especiais acabariam? Depois de Magical Mystery Tour e Maybe I'm Amazed, veio Something, minha música favorita dos Beatles, e para quem acompanhou a resenha do ano passado, esse ano sim, consegui ligar para meu pai no meio da música. Esse ano pude ver todas as fotos de George Harrison no telão, à medida que Paul executava a música, e me foi dito por Schneider que aquelas fotos eram de Paul e George gravando Something, na época do álbum Abbey Road (1969).
Band on the Run, maior clássico dos Wings, foi executado com maestria, o que animou todo o estádio. Após ela aconteceu algo inusitado, alguém na pista prêmio gritou "Ringo, Ringo", Paul entendeu a mensagem e puxou o começo de Yellow Submarine, com direito a imagem do submarino amarelo no telão e tudo, foi um bom momento, de fato. O show continuou com a animada Ob-la-di, Ob-la-da e Back in the U.S.S.R, que no show ficou sendo "Back in M.S.S.R" (em alusão à cidade de Mossoró/RN). I've got a Feeling e A Day in the Life, seguida de Give Peace a Chance, de John Lennon, deram continuidade ao show, abrindo espaço para o que viria em seguida.
De volta ao piano, com luz de velas no telão, Paul inicia a emblemática Let it Be, seguida de Live and Let Die, e aí sim, com um verdadeiro show pirotécnico para explodir a cabeça de todos os presentes. Aquilo será de fato algo para ficar na lembrança, Paul não economizou nos fogos de artifício, uma explosão atrás da outra. Enquanto a fumaça ainda pairava no ar, o show continuou com Hey Jude, maior clássico dos Beatles.
A banda se despede do palco e volta para o primeiro bis trazendo uma bandeira do estado de Pernambuco e do Reino Unido, executando Lady Madonna, Day Tripper e Get Back, clássicos dos Beatles. Após pouca espera, Paul volta ao palco com Paul Wickens, nos teclados, e executa a épica Yesterday. Logo após, a banda inteira volta ao palco e executa a pesada Helter Skelter. E um show desses não podia acabar sem emoção, de volta ao piano, Paul dá início a Golden Slumbers, seguida de Carry That Weight e The End, faixas de encerramento do último álbum dos Beatles para encerrar um show em que a palavra "brilhante" não é capaz de descrever.
Público deixando o estádio após o show. |
Bem pessoal, foi mais um show brilhante que tive a oportunidade de presenciar, talvez não tenha conseguido passar a emoção do que foi o show nessas palavras. E como diz Paul McCartney no encerramento do show: "Até a próxima".