Chegou a hora, pessoal!! Desde o lançamento do tema -- por volta de 2011, se não me engano -- ficava imaginando quando o projeto Brasil Heavy Metal sairia do papel. Na época, além da música tema, o canal oficial no Youtube do projeto postou alguns depoimentos e trechos de show de bandas clássicas, como o Viper e o Salário Mínimo.
Não consigo contar quantas vezes coloquei a música tema para soar e fiquei cantando "Mostra essa força que nos uniu, vida longa ao metal do Brasil!". A música, composta pelo Stress (outra banda clássica), vem embuída em uma energia que só o metal pode proporcionar, e esse metal sendo brasileiro, é melhor ainda.
O que queria dizer, web-leitores, é que finalmente o projeto vai sair do papel. Foram muitas horas de depoimentos capturadas com as bandas, produtores e fãs, além de muitos quilômetros viajados pela produção da Ideia House. O resultado será visto finalmente no filme Brasil Heavy Metal.
Além dos depoimentos de bandas que marcaram a cena do metal no Brasil nos 70/80 -- como o Salário Mínimo, Viper, Stress -- temos depoimento de produtores, como o Roberto Medina, e o desenvolvimento de uma trama, onde dois jovens passam pelo desafio de montar uma banda e ter contato com o metal nos anos 80 -- será uma forma legal de ambientar melhor quem não viveu essa época. Acima de tudo, o projeto será um registro histórico da história do metal brasileiro, e melhor, feito de maneira profissional, com uma qualidade que não deixará a desejar.
Eu tinha dito para mim mesmo que no dia que esse projeto saísse, apoiaria e ajudaria a difundir seu nome. Então, chegou a hora, pessoal! O projeto está em financiamento coletivo. A meta de R$80.000 está próxima dos 50%, no momento. Caso também queira incentivar o projeto, não deixe de fazer sua contribuição. Existem diversas recompensas, desde um pacote com o filme em DVD à uma maleta personalizada com muitos brindes. O mais legal que achei é que bandas dos anos 80, que não se reuniam há muito tempo, voltaram para o estúdio para regravar temas seus. Essas músicas estarão em um CD exclusivo, que também é uma das recompensas do financiamento.
Vou deixar aqui embaixo os links para você conhecer melhor o projeto.
Impressionante como acontecimentos diários e contatos com pessoas que pensam diferente de você marcam seu dia. Desde ontem estou com um sentimento forte batendo dentro de mim, que cada vez mais as pessoas querem se dividir em seus grupos "verdadeiros" e excluir quem não quiser se juntar a eles. Esse sentimento separatista sempre me incomodou (e ontem voltou a incomodar mais ainda) e mais uma vez fui buscar refúgio na música.
Na mesma hora lembrei dos acordes do Scorpions, Under the Same Sun. "Você já se perguntou se existe um paraíso lá em cima? Por que não podemos parar essa luta?", esses versos traduzem tudo, e mais adiante "Todos vivemos sob o mesmo Sol, por que não podemos viver como um só?". É uma ideologia lutando com a outra, um certo e outro errado? Claro que não. Todos estão certos, mas 99,9999% das pessoas não entendem isso.
Ninguém deveria tentar vender ideologia para ninguém, apenas respeitar. Respeite a opinião do próximo e aceite suas diferenças. Isso em todos os sentidos: religioso, político e social. É muito fácil criticar, falar bem de sua ideologia não ressaltando o que ela tem de bom, mas denegrindo a ideologia do próximo. Em outras palavras: "As minhas ideias estão certas porque as suas estão erradas".
Rock também é reflexão para mim, então queria só compartilhar esse pensamento com vocês. Voltando à música que usei como tema: "Por que não podemos viver como um só?". Por quê?
Quem curte boa música e trabalho autoral (principalmente) já sofre com isso a algum tempo que é justamente a falta de apoio à música. O mais recente episódio que tive contato foi o fechamento do Mamba Negra, ambiente de shows destinados ao rock autoral. Dado esse episódio tive vontade de escrever algo, mas não sabia exatamente como me expressar.
Queria só deixar registrado, antes que alguém me critique, que não sou produtor de shows, não sou extremamente "ativo" na cena. Em outras palavras, não sou "autoridade" na cidade em termos de música. Faço minha parte como posso, apoiando muitas vezes as bandas à distância (comprando produtos e escrevendo resenhas).
Voltando ao texto em si, para início de conversa decidi colocar alguma música para rolar, e para garantir a inspiração, coloquei Toca-fita de Corcel, o Velho Cobertor. Escutando os acordes fiquei pensando se o Brasil realmente está preparado para curtir de fato bandas autorais. E mais além, penso se o Brasil ainda conseguirá manter casas de show destinadas ao trabalho autoral. É uma tristeza muito grande ver casas com o Mamba Negra fechando, e casas (sem querer desmerecer ninguém) que só admitem bandas covers (que pegam carona no sucesso dos outros e se acham "a última bolacha do pacote") prosperando e gerando lucro acima de lucro. Não estou dizendo que "A" está certo e "B" está errado, bem, vocês entenderam meu ponto.
A carga de trabalho das bandas autorais entre gravação e produção de trabalhos físicos (além das horas de composição e ensaios) é muito grande, e é uma pena muito grande isso não ser devidamente valorizado. O maior responsável por tudo é o público, para ele que o trabalho é produzido, e novamente não estou aqui dizendo para o público idolatrar as bandas autorais e só escutarem elas (nada de extremismo, por favor). Pergunto novamente: o Brasil está preparado?
Essa realidade não é exclusiva de Mossoró/RN, creio que várias cidades passam pelo mesmo problema. Precisa ter coragem para trabalhar de maneira autoral, não só produzindo shows, mas também sendo parte de uma banda. A força deve permanecer, senão todo o trabalho acaba. Escutando Jr, do Mad Grinder, lembro que a diferença entre um Mad Grinder e um Pearl Jam é apenas uma questão de oportunidade. Existem muitas, mas muitas bandas boas mesmo no nosso entorno, e bandas com qualidade. Nenhum álbum do Mad Grinder, por exemplo, deixa a desejar em termos de qualidade de gravação e composições. Essa mesma realidade é estendida para o Bones in Traction, nos acordes de Deception.
Eu ainda acredito no "Brasil". Por isso continuo trabalhando e produzindo mais conteúdo, seja no Godhound ou no Folie à Duo. Acredito que a música vai ter seu devido apoio, mesmo que seja uma realidade utópica no presente momento. Preparado ou não, vou fazer minha parte em apoiar a cultura, dentro de minhas limitações, e creio que quem quer o melhor para a música faz também isso. Você que está com esse mesmo sentimento que eu agora sabe que está nessa lista. Escutando Beyond the Moon, do Velociraptors, continuo a ter certeza que se cada um fizer sua parte essa realidade será mudada.
Para concluir, vou transmitir a mensagem que muita gente passa e não é nada demais repetir aqui. Apoie as bandas de sua cidade, apoie as casas de show local, compre produtos. Você não está adquirindo um CD ou camisa, você está ajudando o rock e sem ajuda o rock (nem nada na vida) sobrevive. Seja "solidário" com a cultura também.
Nessas últimas palavras, sabendo que o Brasil não está preparado para manter viva uma cena forte underground, acredito dentro de mim que sim (contradizendo-me), o Brasil vai conseguir, nós vamos conseguir.
Saudosismo define os primeiros acordes do EP do No:Time, Wonder of Madness (2015), assim que comecei a escutar. Acordes e riffs lembrando o metal clássico marcam o início de Please God Help Me, com direito a coros "ôôôô" -- época boa. Nesse universo de bandas cada vez mais pesadas e querendo se sobressair com mais peso em relação às outras bandas do estilo, vibro quando ouço algo clássico. A linha da música lembra um pouco o HammerFall, com partes orquestradas de fundo, mantendo a atmosfera heavy/power metal.
A banda é formada por Carleton Leonard (guitarra e voz), Mauro Oruam (guitarra e voz), David Fonseca (baixo) e Wellington Júnior (bateria). Além de Wellington (que conheço do Damage Division), nunca tive contato com os outros membros. Isso para dizer que não conheço a experiência do pessoal com gravações ou bandas anteriores para fazer uma crítica mais profunda. Gostei da qualidade do instrumental, o pessoal se garantiu, destaque para os vocais e os riffs na guitarra -- trabalho excelente dos guitarristas, como manda o "figurino" heavy metal.
Voltando ao EP, Lost in Your Eyes traz uma melodia mais leve, lembrando o hard rock oitentista, novamente, com riffs excelentes. Notei que cada música traz uma influência diferente, a banda não está se prendendo a nenhum estilo. Isso, por um lado, acho muito bom, porque o "elemento surpresa" estará presente nas composições futuras. Encerrando o curto EP, com cerca de 14 minutos, vem a faixa-título Wonder of Madness. Essa foi a minha favorita de todo o EP. O início lembra um pouco aqueles elementos de teclado introdutório do Ozzy Osbourne, que o Judas Priest também usou em músicas como Out in the Cold, por exemplo. O instrumental rápido que vem logo em seguida contrasta com a introdução e dar um poder a mais à música. A melodia dessa música é mais pesada, resultado do seu ritmo mais lento. Outro destaque são as transições na melodia, principalmente na parte do solo, gostei de diversidade.
Concluindo a audição do EP Wonder of Madness (2015), fiquei com a sensação de que ele é um excelente cartão de apresentação para esse novo projeto. Mostra a criatividade dos músicos e fico imaginando o que teremos daqui para frente, qual linha de composição vão exatamente seguir. Como disse no título, é sempre bom ouvir metal tradicional, e confesso que sentia falta de bandas assim no Rio Grande do Norte -- minhas referências eram só o Deadly Fate e o Comando Etílico. Sentia falta de alguém para trilhar o caminho dessas bandas que curto bastante.
Quem tiver interesse, pode conferir o trabalho deles logo abaixo.
Como meu tempo para escrever está um pouco limitado ultimamente, decidi criar um quadro aqui no blog: o "R'N'P Recomenda". O que seria isso? Simples, é uma mini-resenha de algum EP ou álbum. No entanto, isso não vai excluir as resenhas que tanto gosto de escrever.
Para começar, gostaria de falar dos meus amigos do Toca-Fita de Corcel. A banda capitaneada pelos grandes Diogo e Juan lançou o seu primeiro EP esse ano, o Briga de Bar. O estilo confesso que não é o que escuto normalmente, mas gosto muito da banda. Não tenho muitas referências no estilo, mas acho a qualidade do Toca-Fita indiscutível, a criatividade nas composições só cresce (lembrando os tempos de T3) e as letras são um show à parte.
Enquanto escrevia isso escutava O Velho Cobertor, ponto mais alto para mim do EP Briga de Bar. Segue aqui abaixo a playlist para vocês conferirem. Espero que curtam esse novo som e fiquem ligados que mais dicas virão.
Foi com os dedos ainda enferrujados (dado o tempo sem escrever aqui no blog) que comecei a ouvir o Order of Chaos (2015), álbum de estréia do Blackning. Apesar da "estréia", a banda formada por Francisco "Chicão" Stanich (baixo), Elvis Santos (bateria) e Cleber Orsioli (vocal e guitarra) já tem bastante tempo de estrada, o Cleber, por exemplo, já tocou no Andralls, banda de fast-thrash de São Paulo, que já passou várias vezes por Mossoró/RN.
O álbum é aberto com a breve introdução de Thy Will be Done, que dá logo lugar a um riff pesado e marcante, mostrando logo a que o Blackning veio. O vocal lembrando o thrash do início dos anos 80 é bem marcante e fica muito bem associado com o peso da guitarra. A música reúne peso e velocidade, mas de um jeito que não fica poluído -- você consegue entender todas as linhas. Da mesma forma, o álbum continua com Terrorzone, só que esta explora muito mais o lado pesado da banda do que o lado melódico. Ou seja, castigaram bastante a bateria nos pedais nessa aqui. Novamente, destaco a facilidade no entendimento dos instrumentos. É pesado? É, mas de forma alguma é poluído. Abrindo um parêntese aqui, o maior "defeito" de bandas mais pesadas é querer fazer algo extremamente pesado e não se preocupar com a regulagem do som, o resultado é uma mistura de "barulho" (com perdão para a palavra) que ninguém sabe o que tá tocando exatamente. Costumo dizer que quanto mais pesado o som, melhor deve ser a qualidade dos equipamentos para captar bem aquilo e conseguir passar -- através da música -- todo esse peso para o público. Escutando o álbum tive esse sentimento logo de início, a banda realmente teve uma preocupação com o som, o que mostra todo o seu profissionalismo e vontade de entregar um produto de qualidade.
Blackning (da esquerda para a direita): Francisco Stanich, Elvis Santos e Cleber Orsioli.
Críticas -- positivas, diga-se de passagem -- à gravação à parte, o álbum continua com Unleash your Hell e (uma pausa para respirar, pelo início meio orquestrado) Against All, ambas seguindo a mesma linha já abordada nas músicas antecessoras, Unleash your Hell, inclusive, possui clipe (e muito bem produzido).
Outro elemento que gostaria de destacar nas músicas é a criatividade. As músicas são pesadas, mas não são de forma alguma aquela coisa de manter o mesmo ritmo e ficar tocando mais e mais rápido, não, eles souberam fazer transições na melodia (variando entre partes pesadas e melódicas) de uma forma que não tirou o peso da música. Isso foi aplicado em todas as músicas e é um destaque do álbum, na minha opinião, porque não deixa a audição monótona. Imagino que até o fã "truezão" de thrash não aguenta ficar 40 minutos escutando "a mesma coisa" monótona.
Death Row, a minha favorita no álbum, traz o peso com doses de melódico no refrão (lembrando até as composições do Amon Amarth). Essa música traduz tudo o que estou escrevendo até agora, em termos de estilo da banda. O sentimento que mais me ocorreu desde o início da audição é: "Onde estavam vocês?!". Sério, é uma banda realmente muito boa e ao vivo deve ser ainda melhor. A qualidade das músicas é indiscutível, resgatando com maestria o thrash clássico. Sei que é muito bom inovar, mas sons retrôs sempre me atraíram e isso é o Blackning. Cara, e as composições, não param de surpreender, escute Devouring the Weak e me diga se não estou certo.
capa do Order of Chaos (2015).
Algo que não comentei é a temática do álbum, o título "Order of Chaos" me faz imaginar uma ceita que domina o mundo através do caos. Alguma semelhança com os tempos atuais? Não consigo imaginar (a luz do "sarcasmo" está acesa, caso não tenha percebido). A capa meio que mostra isso, um esqueleto que me lembra a virgem Maria com um bebê, com uma coroa de espinhos. Isso pode simbolizar os valores da sociedade (representados pela religião), ou seja, tudo está tendendo ao caos, tudo está tendendo a se perder. A tonalidade azul deu um caráter retrô, lembrando aquelas capas dos anos 80 -- clássicas.
Voltando ao álbum, para encerrar, Censored Season (com versos em português, lembrando os primórdios do Korzus) e Killing or being Killed fecham o Order of Chaos (2015). Mas, antes de se despedir, a banda gravou um cover do Overdose, Children of War. Confesso que nunca tinha escutado a banda antes, apenas sabia que eles gravaram um split com o Sepultura, antes de sair o Morbid Visions, claro que fui ouvir a banda agora. Conversando com Chicão, ele mencionou que tiveram a oportunidade de mostrar essa música para o próprio pessoal do Overdose, imagino a satisfação de todos.
Pois bem, acho que me estendi um pouco, mas o álbum merece. Qualidade impecável de gravação e composição das músicas, foi uma das surpresas de 2015 para mim, sem sombra de dúvida. É um item que certamente vou ter na minha coleção, e por falar em ter, a Diehard vende o CD (segue o link AQUI), quem quiser comprar pode pegar lá no site, eles entregam em todo o Brasil.
#Tracklist
1.THY WILL BE DONE
2.TERRORZONE
3.UNLEASH YOUR HELL
4.AGAINST ALL
5.DEATH ROW
6.SILENCE OF THE DEFEAT
7.DEVOURING THE WEAK
8.CENSORED SEASON
9.KILLING OR BEING KILLED
10.CHILDREN OF WAR (Overdose cover)
"Isso ae", web-leitores, estou escrevendo apenas para dizer que estamos de volta à ativa!! Como alguns acompanharam, fechei temporariamente o blog para me dedicar ao Metal Nerd, mas, o ambiente virtual acabou por fechar. Com isso, decidi voltar ao Rock'N'Prosa -- como era minha intenção desde o início, caso o Metal Nerd fechasse --, e voltar a escrever os contos do rock'n'roll que tanto gosto.
Minhas ideias mudaram um pouco desde o início do Rock'N'Prosa. A ideia de não postar notícias ainda permanece -- teremos dicas e estórias, de uma forma literal, como trabalhamos nesses últimos 5 anos. As nossas colunas provavelmente sofrerão algumas mudanças, caso tenham acompanhado o desenvolvimento durante os anos. Mas, a essência do Rock'N'Prosa vai continuar.
O Prosacast, que estava sendo produzido no Metal Nerd, vai voltar para sua casa, mas, como meu tempo de dedicação ao blog voltou a ser pequeno, vamos deixar o projeto do podcast parado, por enquanto. Vou tentar manter um ritmo constante de postagens, a começar por amanhã, sendo que não vou deixá-las longas, assim a leitura flui mais e a informação consegue ser propagada do mesmo jeito.
Durante esse tempo fora continuei escutando as mesmas velhas bandas, e conhecendo novas bandas. Vou correr atrás de todo esse "tempo perdido" nos próximos meses, compartilhando com vocês os materiais que fui encontrando e expondo minha opinião sobre eles. Além do rock, vou finalmente trazer meus outros hobbies para o blog, como a cultura pop e os board games, não "estranhem" algumas postagens, tudo vai continuar dentro da atmosfera "metal".
Então, é isso por enquanto, pessoal, espero que gostem do que virá e em breve vou modificar o layout do blog para deixá-lo melhor. E por falar em "novas" bandas, uma que tenho escutado bastante ultimamente é o God is an Astronaut, fiquem aí com um som deles.