quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Galeria de Clássicos: Black Sabbath - Heaven and Hell (1980)

Black Sabbath - Heaven and Hell (1980)

Bem-vindos a mais um volume da Galeria de Clássicos do Rock N’Prosa. Hoje irei comentar sobre um dos melhores álbuns que eu escutei na minha vida e que tive a honra de comprar recentemente. Estamos falando do maior clássico do Black Sabbath de todos os tempos, o Heaven and Hell.

O Black Sabbath estava passando por um momento difícil, depois do lançamento do Never Say Die, o vocalista Ozzy Osbourne decide deixar a banda e seguir carreira solo, uma despedida muito ruim por sinal. Nesse período, por volta do ano de 1979, Tony Iommi iniciou uma busca desesperada por um novo vocalista.

Depois de testes com diversos vocalistas eis que surgiu uma lenda. Ronnie James Dio assumiu a difícil missão de substituir Ozzy Osbourne nos vocais. Dio já havia cantado no Rainbow, banda que fez com que seu nome se consagrasse no mundo rock n’roll.

Comparar Dio e Ozzy é o mesmo que comparar David Gilmour e Roger Waters (para os fãs do Pink Floyd), ou John Lennon e Paul McCartney (para os fãs dos Beatles). É questão de gosto, eu procuro não distinguir, sou fã dos dois. Tenho álbuns do Ozzy na minha coleção, são muito bons, mas os do Dio não ficam para trás, apesar de não possuir nenhum no momento.

Black Sabbath em 1980: Geezer Butler, Ronnie James Dio, Tony Iommi e Vinnie Appice.

No mesmo ano de 1979 a banda começou a compor o que viria a se tornar o Heaven and Hell. O baixista, Geezer Butler, compôs parte das letras e juntamente com Tony Iommi fizeram a parte instrumental, mas Dio foi quem assumiu realmente as rédeas de escrever as letras para o álbum.

Nesse momento tudo era incerto, porque os fãs mais conservadores da banda não poderiam gostar da nova linha que a banda tomou, e poderia ser difícil conquistar novos fãs, porque a banda já tinha 10 anos de carreira e  a nova geração estava mais interessada em outras bandas, como a inovadora (na época) Iron Maiden.

Mas, no dia 25 de abril de 1980, o mundo viu que ainda existia força dentro do Black Sabbath. O Heaven and Hell foi lançado e não só agradou os antigos fãs, mas também agradou a nova geração de fãs, da chamada “Nova Onda do Heavy Metal Britânico” (do inglês New Wave of British Heavy Metal).

O álbum se inicia logo com a rápida Neon Knights, mostrando logo de cara a proposta do álbum, e mostrando acima de tudo que ainda existia vida no Sabbath. Como a maioria das músicas desse álbum, esse é um dos maiores clássicos da “era Dio”. Confiram ela abaixo:




Logo em seguida, a banda diminui um pouco a velocidade com a excelente Children of the Sea, mostrando toda a técnica vocal de Dio, outro grande clássico. Recentemente, antes do falecimento de Dio, os membros dessa época da banda se uniram e formaram a banda Heaven and Hell, chegaram até a fazer um show aqui no Brasil em 2009. Nos shows, músicas como Neon Knights e Children of the Sea eram quase que obrigatórias, e todos os presentes cantavam fervorosamente. Confira esse grande clássico logo abaixo, extraída do DVD do Heaven and Hell:





Mais um grande clássico logo em seguida, a pesada Lady Evil volta a mostrar a vontade do Sabbath em continuar a sua jornada musical. O que aconteceu é que os últimos álbuns da “fase Ozzy” (Tecnical Ecstasy (1976) e Never Say Die (1978)) não foram muito pesados, foram mais experimentais, diferenciando um pouco do estilo comum do Sabbath.

Agora, todos devem parar um pouco, que vem o maior clássico da história do Black Sabbath, na minha opinião. Muitos vão discordar, dizer que Paranoid é o maior clássico, mas para mim Heaven and Hell sem dúvida é a melhor música e o maior clássico deles. A música que leva o nome do álbum é uma perfeição, o instrumental faz lembrar o estilo dos primeiros álbuns como Black Sabbath (1970) e o próprio Paranoid (1970), com um riff bem cativante e fácil de lembrar. Mas, o que me chama a atenção nessa música é a letra, é algo indescritível, nunca pensei que o Black Sabbath um dia escreveria algo assim, eles meio que fizeram uma análise sobre toda a vida das pessoas. Segue abaixo esse grande clássico e um link para a letra dela também:

Letra: http://letras.terra.com.br/black-sabbath/4263/traducao.html






Continuando com o álbum vem a “ofuscada” Wishing Well, logo adiante eu digo porquê. O que destaco nessa música é a letra também, eles usaram a figura do “poço dos desejos” para falar sobre a vida, diferente de Heaven and Hell, que usou a figura do Céu e do Inferno.

Agora sim, mais um grande clássico da “era Dio”, Die Young. Uma música rápida, mais ou menos na linha de Neon Knights, que se tornou uma das favoritas dos fãs nos shows. Por isso do “ofuscamento” de Wishing Well, entre dois clássicos como esses não tem espaço para ela. Mais uma vez, uma brilhante letra, a mensagem que eles quiseram passar com Die Young foi: “Não espere pelo amanhã, viva a vida!”, geralmente ao vivo, Tony Iommi faz um pequeno solo de guitarra antes dessa música, deixando ela com um charme a mais. Confiram versão ao vivo gravada em um show do Heaven and Hell na Alemanha:





Na sequência do álbum vem Walk Away, uma boa música, mas um pouco abaixo do nível dos grande clássicos desse álbum.

Essa obra prima é encerrada com a “injustiçada” Lonely is the Word. É uma música muito boa, mas foi esquecida por todos os fãs, e pela banda também, ao longo dos anos. Foi uma boa forma de encerrar esse álbum, porque apesar das mensagens positivas de algumas músicas eles sempre acabam voltando para a realidade, e no fundo se todos forem ver essa acaba sendo uma verdade inconveniente.

Bom, esse foi mais um Galeria de Clássicos do Rock N’Prosa, por coincidência escrevi sobre mais um álbum do Black Sabbath, mas o próximo será diferente, quem desejar pode sugerir algum clássico que queira ver na nossa galeria.

Espero que tenham gostado e até a próxima.

domingo, 12 de setembro de 2010

Resenha de Shows: Scorpions (11/09/10 - João Pessoa/PB)

No último sábado (11/08) tive a grande honra de assistir o Scorpions em João Pessoa, justamente na sua turnê de despedida dos palcos depois de 45 anos na estrada. Vou procurar descrever um pouco do que foi a experiência do show e da viagem como um todo também.

Nossa saída, daqui de Natal/RN, estava programada para às 13:30 da tarde. A viagem foi muito divertida, regada a muito rock n’roll e claro, a Scorpions. Aproximadamente às 15:30 chegamos ao estádio Almeidão, em João Pessoa/PB, onde toda a estrutura do Sun Rock Festival foi montada.

Uma enorme fila foi formada ao redor do estádio, e somente às 17:00 os portões foram abertos (estava previsto para a abertura ocorrer às 15:00). Uma vez lá dentro pude ver toda a estrutura que o Sun Rock Festival preparou para receber todos, foi algo para cinema. Minhas únicas queixas são o tamanho da “Pista Premium”, acho que eles exageraram um pouco, e o posicionamento da “mesa de som”, meio que tapando a visão do pessoal da arquibancada. Os telões também deixaram a desejar, os do Mossoró Cidade Junina não ficaram para trás em nenhum quesito.
Foto da estrutura do festival, antes do Scorpions, o público ainda era pequeno.

Críticas à organização a parte, vamos nos focar agora no que foi mais um grande show que eu pude presenciar. Não me pergunte como, mas consegui assistir o show da “Pista Premium” e bem próximo do palco. Palco que foi muito bem estruturado. Além das inúmeras câmeras filmando o show para um possível DVD, o palco também tinha uma passarela que deixava a banda ainda mais próxima do público na “Pista Premium”.

Aproximadamente às 22:00, imagens de um festival onde o Scorpions tocou, em São Petersburgo (se não me engano) nos anos 80, começam a passar no projetor ao fundo do palco. Na mesma hora, o locutor oficial da banda anuncia o famoso: “Ladies and gentleman, children of all ages, please welcome THE SCORPIONS”. Essa foi a deixa para o baterista James Kottak aparecer no palco e iniciar Sting in the Tail, faixa título do mais novo e último álbum do Scorpions, entrando o resto da banda logo em seguida executando a música, para explosão geral dos 25.000 presentes (não sei o público oficial, isso é uma estimativa).
Scorpions, vista da Pista Premium durante Make It Real.

Após esse começo eletrizante, Klaus fala pela primeira vez com o público, dando o “boa noite” (em português mesmo) e logo em seguida, Rudolf vai pela primeira vez para a passarela que eu citei anteriormente e inicia Make It Real, faixa clássica da banda. E clássicos foi o que não faltou nesse show, é claro que faltaram músicas no set-list, mas a banda não pode fazer um show com 10 horas de duração.

Continuando com os clássicos, é a vez de Mathias ir para a frente do palco e iniciar a excelente Bad Boys Running Wild, do álbum Love at First Sting, e quase que sem pausa a banda inicia The Zoo, uma das minhas favoritas do Scorpions. Seguindo em frente, a banda executou o instrumental Coast to Coast, e em  seguida Loving You Sunday Morning. Depois dessa série arrasadora e pesada, Klaus voltou a falar com o público e anunciou a balada The Best Is Yet To Come, do álbum novo. Essa música, apesar de ser nova, foi uma das mais cantadas pelo público no show, a versão ao vivo ficou sensacional.

Minha maior expectativa era ver Wind of Change ao vivo, o que acontece é que em seus shows o Scorpions ou executa ela ou executa Send Me An Angel, outra grande música. Nesse momento, quando acabou The Best Is Yet To Come, os roadies colocaram pedestais na passarela, próximo do público (e de onde eu estava) e Rudolf e Mathias surgiram com seus violões personalizados. E para um pouco da minha desilusão, eles iniciaram Send Me An Angel, dedicada a Ronnie James Dio, fato que aplaudi e fez esquecer um pouco da desilusão de não ver Wind of Change. Mas, a execução foi muito boa, o público correspondeu cantando junto com Klaus.
Rudolf e Mathias na passarela anexa ao palco.

Com o término dessa música, a banda inteira continuou na passarela e iniciou outro grande clássico, Holiday, que também foi cantada por todo o público. Nesse momento, eu já tinha me conformado em não ver Wind of Change, foi aí que para minha total surpresa Klaus anunciou que a próxima música falava sobre o fim da Guerra Fria. Era ela, Wind of Change, me lembro que cantei com todo o fôlego que me restava. Por coincidência ou não, exatamente quando a banda executou o primeiro refrão uma fina chuva começou a cair sobre nós. Como diz o refrão da música “Leve-me na magia do momento, numa noite de glória”, foi exatamente isso que aconteceu nesse momento.

Após esse “sonho realizado”, Klaus perguntou se todos estavam preparados para agitar, e a banda inicia Tease Me Please Me e logo em seguida a rápida Dynamite, do álbum Blackout. Após essas duas “pedreiras”, por assim dizer, a banda deixa o palco, ficando somente James Kottak na bateria, dando início ao seu solo de bateria ou Kottak Attack. Já tinha visto o Kottak Attack em DVD’s e particularmente não gostava nem um pouco, mas o de ontem foi especial. O projetor no fundo do palco ficou passando vídeos de Kottak em vários ambientes diferentes, meio que percorrendo todas as capas dos álbuns do Scorpions, e a cada capa o trecho de uma música do respectivo álbum era executada por ele na bateria. O Kottak Attack percorreu do Love at First Sting até o Humanity Hour I, passando também pelo Crazy World.
James Kottak durante o Kottak Attack.
O destaque foi o final da apresentação, onde as projeções mostraram um Kottak preso a uma cadeira, enquanto um vilão prendia dois eletrodos em seus olhos e ligava uma carga elétrica. Para os fãs do Scorpions ficou claro que aquela era a capa do Blackout, e logo em seguida a banda inteira volta ao palco executando a faixa título desse álbum, destaque para Rudolf, que veio vestido representando a capa do álbum.

Com o término de Blackout é a vez de Mathias ficar no palco e executar o seu solo de guitarra, conhecido também como Six String Sting, executando logo em seguida o grande clássico Big City Nights, cantado fervorosamente por todos os presentes.

Logo em seguida, a banda deixa o palco e volta depois de uma pequena pausa para o bis. E não poderia ser melhor, assim que retornam, Klaus grita: “João Pessoa não existe ninguém igual a vocês”, foi a deixa para a banda iniciar No One Like You, excelente música do álbum Blackout. Depois, Klaus anunciou Andreas Kisser, guitarrista do Sepultura, como convidado e ele entra no palco na mesma hora em que a banda inicia o grande clássico Rock You Like A Hurricane, para brindar o público e encerrar esse show perfeito.
Scorpions, durante No One Like You.

Muita gente saiu um pouco desiludida porque o Scorpions não executou Still Loving You, me disseram que é a mesma coisa de ir a um show do Black Sabbath e não ter Paranoid, tudo bem, concordo, mas saí muito satisfeito do show, eles conseguiram fazer um apanhado geral de toda a sua história e incluí-la no show. Foi um show sensacional e não falei, mas fiquei surpreso com a energia deles, principalmente de Rudolf. Ele é o mais velho da banda, e é o que mais corre e pula durante todo o show.

Bem, essas foram as minhas impressões desse grande show, espero que tenham gostado dessa revisão e que venham mais shows, o Nordeste está mostrando a sua força no cenário nacional e mundial do rock n’roll.